Para Reinach, pesquisadores devem abandonar suas visões clássicas
(foto:E. Geraque)

Pensamento de risco
07 de julho de 2005

Além da descoberta, o pesquisador precisa perceber que se trata realmente de uma inovação e de que aquele projeto terá impacto mercadológico, diz Fernando Reinach, diretor executivo da Votorantim Novos Negócios

Pensamento de risco

Além da descoberta, o pesquisador precisa perceber que se trata realmente de uma inovação e de que aquele projeto terá impacto mercadológico, diz Fernando Reinach, diretor executivo da Votorantim Novos Negócios

07 de julho de 2005

Para Reinach, pesquisadores devem abandonar suas visões clássicas
(foto:E. Geraque)

 

Por Eduardo Geraque

Agência FAPESP - De um lado um fundo importante de capital de risco com volumoso caixa e que está aceitando projetos científicos para financiar. Do outro existem milhares de pesquisadores com grandes idéias e projetos de pesquisa que podem ter um grande impacto no mercado globalizado. A partir desses dois pilares, em tese, fica fácil imaginar a construção de uma sólida ponte.

Mas, segundo o pesquisador Fernando Reinach, diretor da Votorantim Novos Negócios, presente ao Congresso Internacional de Nanotecnologia, que será encerrado nesta quinta-feira (7/7), em São Paulo, a obra do pontilhão ainda não está sólida. "Não se trata de ousadia nem de qualidade, muitas vezes falta ao pesquisador ter a real dimensão daquilo que ele acabou de descobrir", disse à Agência FAPESP .

Para um fundo de alto risco – e isso é uma visão que muitas vezes não faz parte do universo acadêmico – o importante é correr altos riscos, por mais óbvio que isso possa parecer. Tanto no Brasil como nos Estados Unidos, é preciso abarcar idéias que realmente sejam revolucionárias. "Se o projeto em vez de uma revolução no mercado vai causar apenas um ganho incremental, ele não interessa", afirma Reinach.

Para o executivo, nem sempre é obrigação do pesquisador ter essa visão de mercado, mas isso facilita na hora de convencer um potencial investidor. "É o autor da descoberta que poderá nos dizer se aquilo vai substituir algo ou ter um grande impacto no mercado", disse.

Em se tratando de capital de risco, outra característica fundamental: todas as ações são feitas por meio de participação acionária naquelas empresas, normalmente pequenas e montadas para o único fim de desenvolver a tecnologia inovadora.

O exercício do pensamento de risco e o abandono da chamada visão clássica ainda precisam progredir mais no Brasil. Apenas em alguns casos raros isso já ocorre. O próprio Reinach lembrou, na palestra que fez no evento, de vários exemplos que mostram a importância do fortalecimento desse novo ponto de vista.

"A Warner, em 1927, anunciou que não acreditava no cinema falado. A DEC, empresa que fabricava computadores de grande porte, em 1977 declarou que ninguém iria querer ter computadores em casa", contou. Todos sabem que o cinema falado e o computador pessoal se tornaram grandes negócios, especialmente aqueles que acreditaram nessas inovações tecnológicas.


  Republicar
 

Republicar

A Agência FAPESP licencia notícias via Creative Commons (CC-BY-NC-ND) para que possam ser republicadas gratuitamente e de forma simples por outros veículos digitais ou impressos. A Agência FAPESP deve ser creditada como a fonte do conteúdo que está sendo republicado e o nome do repórter (quando houver) deve ser atribuído. O uso do botão HMTL abaixo permite o atendimento a essas normas, detalhadas na Política de Republicação Digital FAPESP.