Pirarucu, pirambóia e poraquê. Um trio que consegue retirar oxigênio do ar. Seria isso um ensaio evolutivo para uma nova conquista da terra, como ocorreu uma vez há milhões de anos?
Pirarucu, pirambóia e poraquê. Um trio que consegue retirar oxigênio do ar. Seria isso um ensaio evolutivo para uma nova conquista da terra, como ocorreu uma vez há milhões de anos?
Agência FAPESP - Um mergulhador no fundo do mar, desde que esteja com seu lastro correto e com o colete equilibrador estabilizado, pode desviar de um obstáculo à sua frente apenas com uma inflada mais pronunciada de seus pulmões. Imaginem como seria bom mergulhar se o ser humano tivesse uma bexiga natatória, órgão desenvolvido pelo peixes para flutuar embaixo da água.
"Dentro da evolução, os pulmões são mais primitivos nos peixes do que a bexiga natatória. Essa veio depois, exatamente pelas necessidades que surgiram de dominar o fundo dos mares", disse Francisco Tadeu Ratin, pesquisador da Universidade Federal de São Carlos, à Agência FAPESP.
O professor participou da sessão temática Aspectos cardiorrespiratórios da transição do meio aquático para o terrestre, realizada dentro da programação da Reunião Anual da Federação de Sociedades de Biologia Experimental (Fesbe), realizada na semana passada em Águas de Lindóia (SP).
O próprio Ratin responde à pergunta que ele mesmo colocou no título de sua apresentação: Respiração aérea em peixes, uma ensaio a terrestralidade? "A essa pergunta, apenas a evolução, no futuro, vai poder nos responder. Mas é provável que não. Entretanto, acredito que esse problema a evolução já resolveu mesmo lá atrás", disse.
Passado e futuro deixado de lado – e durante o Siluriano (de 443 milhões a 417 milhões de anos atrás) as mudanças climáticas impactaram bastante o universo dos peixes –, o presente já tem evidências. O que gera vários questionamentos científicos, do poder da evolução. Peixes como o pirarucu, a pirambóia e o poraquê são exemplos disso.
"O pirarucu tem uma adaptação fantástica em termos respiratórios", afirma Ratin. Um dos maiores peixes fluviais do mundo costuma dar um show nas águas amazônicas. Por causa da bexiga natatória desenvolvida para a respiração aérea obrigatória – se usar apenas as brânquias por mais de meia hora, em média, ele morre por asfixia – o pirarucu costuma subir com freqüencia para a superfície da água.
No caso de um adulto, chega a ter até três metros de comprimento e mais de 200 quilos de peso. "E esse peixe, que aprendeu a tirar oxigênio do ar, o que é muito mais vantajoso por uma série de motivos, é totalmente nosso", lembra o pesquisador, o que ilustra apenas um único exemplo da importância de preservar o bioma amazônico.
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