Pegadas encontradas no México, em vez de 40 mil anos, têm 1,3 milhão de anos mostra nova datação
(foto: Royal Society)

Pegadas suspeitas
01 de dezembro de 2005

Em julho, arqueólogos anunciaram a descoberta, no México, de pistas humanas 26 mil anos mais antigas do que qualquer outra registrada nas Américas. Agora, artigo na Nature indica que as marcas têm 1,3 milhão de anos

Pegadas suspeitas

Em julho, arqueólogos anunciaram a descoberta, no México, de pistas humanas 26 mil anos mais antigas do que qualquer outra registrada nas Américas. Agora, artigo na Nature indica que as marcas têm 1,3 milhão de anos

01 de dezembro de 2005

Pegadas encontradas no México, em vez de 40 mil anos, têm 1,3 milhão de anos mostra nova datação
(foto: Royal Society)

 

Agência FAPESP - Em julho, a idade de 250 marcas de possíveis pegadas humanas, identificadas num sítio arqueológico na cidade de Puebla, no centro do México, causou surpresa no meio científico. O anúncio, feito por um grupo de arqueólogos ingleses, dizia que as marcas teriam sido feitas há cerca de 40 mil anos. Ou seja, com isso a história da ocupação das Américas deveria ser reescrita, uma vez que a maioria dos estudiosos estima que tenha ocorrido há não mais de 20 mil anos.

Agora, um estudo publicado na Nature desta quinta-feira (1º/12) coloca mais nebulosidade sobre a história do Homo sapiens em território americano. Com base em datação feita pela técnica argônio/argônio e em dados paleomagnéticos, pesquisadores norte-americanos recalcularam a idade do pó vulcânico marcado por um eventual pé humano no altiplano mexicano. Conclusão: foram feitas há 1,3 milhão de anos.

"Temos agora apenas duas possibilidades. A primeira é que se trata realmente de marcas de hominídeos, surpreendentemente antigas. A segunda é que não são pegadas humanas", disse Paul Renee, diretor do Centro de Geocronologia da Universidade de Berkeley e um dos autores da nova datação, em comunicado da universidade.

Antes que novas teorias comecem a surgir, os próprios autores definem sua posição. Eles consideram bastante remotas as possibilidades de que as marcas tenham sido feitas por hominídeos que teriam existido muito antes do Homo sapiens.

Há várias teorias em discussão sobre o povoamento das Américas. Para Walter Neves, do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo, o povoamento pelo estreito de Bering teria começado há 14 mil anos. No Brasil, teria ocorrido há pelo menos 11 mil anos, como indica o crânio descoberto em Lagoa Santa (MG), em 1975, e apelidado de Luzia, datado por Neves em 1999.

O modelo chamado de convencional, defendido pelos norte-americanos, afirma que tudo começou no máximo há 11,5 mil anos. Uma nova proposta, feita em 2005 por cientistas das universidades federais do Rio Grande do Sul e de Minas Gerais e do Centro Nacional Patagônico, na Argentina, é de que o início do processo ocorreu há 20 mil anos.

Mais informações: www.nature.com


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