Pedra batida
02 de agosto de 2004

Grupo de cientistas de diversos países descreve a história de um inusitado pedaço de rocha lunar, que teria sofrido três grandes impactos – o primeiro há 3,9 bilhão de anos – até ter sido arremessado ao espaço e cair na Terra

Pedra batida

Grupo de cientistas de diversos países descreve a história de um inusitado pedaço de rocha lunar, que teria sofrido três grandes impactos – o primeiro há 3,9 bilhão de anos – até ter sido arremessado ao espaço e cair na Terra

02 de agosto de 2004

 

Agência FAPESP - Se pedras que rolam não criam musgo, essa certamente não correu esse risco. Não é apenas por ter nome que o Sayh al Uhaymir (SaU) 169 é um pedaço de rocha diferente. Descoberto em 2002 em Omã, no Oriente Médio, ele sofreu nada menos do que três grandes impactos em sua existência, até que um quarto finalmente o arremessou da Lua em direção à Terra.

A biografia do curioso meteorito acaba de ser escrita por um grupo de pesquisadores de diversos países, em estudo liderado por Edwin Gnos, da Universidade de Berna, na Suíça, e publicado na edição de 30 de julho da revista Science.

Os cientistas estudaram a formação e a composição química peculiar da rocha de 206 gramas, comparando com dados da superfície lunar e materiais coletados em missões como as do Programa Apolo e do Lunar Prospector. Por meio da análise, concluíram que o pedaço de rocha fazia parte da cratera de Lalande até ser arremessado à Terra pelo impacto de outro meteorito.

O estudo verificou que muito antes disso a amostra lunar havia sido rigosoramente atingida, ainda que com consideráveis intervalos de tempo entre os choques. Os pesquisadores calculam que o primeiro impacto teria ocorrido há 3,9 bilhões de anos, o segundo há 2 bilhões e o terceiro há 200 milhões. O quarto e último foi há 340 mil anos, que arremessou a pedra ao espaço, onde ficou vagando – em órbita da Terra ou do Sol, não se sabe ao certo – até ser atraído pela gravidade terrestre.

De acordo com os autores, a composição química do meteorito revela uma complexa história. Na realidade, traz embutido parte da própria história da Lua, uma vez que os impactos não apenas modificaram a composição da pedra, mas também a sua posição. Foi apenas o terceiro impacto, por exemplo, que moveu a camada rochosa onde ela se encontrava para perto da superfície. Ali, ficou exposta à ação dos ventos solares e foi despreendida com o quarto choque.

O SaU 169 é um dos cerca de 30 meteoritos lunares já encontrados na superfície terrestre, a maioria em desertos.

O artigo Pinpointing the source of a lunar meteorite: implications for the evolution of the moon, de autoria de Edwin Gnos, Beda A. Hofmann, Ali Al-Kathiri, Silvio Lorenzetti, Otto Eugster, Martin J. Whitehouse, Igor M. Villa, Timothy Jull e Jost Eikenberg, pode ser lido no site da revista Science, em www.sciencemag.org


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