Pesquisadores da Escola Politécnica da USP desenvolvem revestimento de argamassa com fibras de polipropileno. Tecnologia proporciona maior aderência ao material e diminui risco de fissuração (foto: Habitare/Finep)
Pesquisadores da Escola Politécnica da USP desenvolvem revestimento de argamassa com fibras de polipropileno. Tecnologia proporciona maior aderência ao material e diminui risco de fissuração
Pesquisadores da Escola Politécnica da USP desenvolvem revestimento de argamassa com fibras de polipropileno. Tecnologia proporciona maior aderência ao material e diminui risco de fissuração
Pesquisadores da Escola Politécnica da USP desenvolvem revestimento de argamassa com fibras de polipropileno. Tecnologia proporciona maior aderência ao material e diminui risco de fissuração (foto: Habitare/Finep)
Por Thiago Romero
Agência FAPESP – Pesquisadores estão desenvolvendo um tipo de revestimento de argamassa com melhores características mecânicas do que as disponíveis atualmente. O motivo é o uso, em sua composição, de fibras de polipropileno. O trabalho é resultado de uma das linhas de pesquisa do Consórcio Setorial para Inovação em Tecnologia de Revestimentos de Argamassa (Consitra), conduzida por pesquisadores da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP) e da Universidade Federal de Goiás.
De acordo com uma das coordenadoras do Consitra, Mércia Maria Semensato Bottura de Barros, professora do Departamento de Engenharia de Construção Civil da Poli-USP, o objetivo ao adicionar fibras sintéticas às argamassas foi tentar evitar as fissuras, um dos problemas mais comuns nas fachadas de edifícios.
“Com a adição de fibras estamos buscando que o revestimento de argamassa seja mais resistente aos esforços de tração, permitindo que tenha menor risco de fissuração”, disse Mércia à Agência FAPESP.
Ela ressalta que, com a entrada em cena das fibras, será preciso garantir que o revestimento não perca a aderência, o que não é fácil porque a adição de fibras implica na mudança da reologia da argamassa, fator fundamental no desempenho do revestimento. A reologia é uma propriedade da argamassa relacionada à sua capacidade de se amoldar à base em que está sendo aplicada, potencializando, assim, a aderência.
“Há diferentes fibras de polipropileno no mercado. Algumas proporcionam bons resultados e outras não. É preciso tomar cuidado na adição de fibras. Como ainda não concluímos os trabalhos, não podemos afirmar se há ou não vantagem nesse emprego e, se houver, precisaremos identificar claramente quais fibras trazem vantagens para que não venham a ser utilizadas indiscriminadamente”, destacou a pesquisadora.
O estudo, que conta com apoio da FAPESP na modalidade Auxílio Regular a Pesquisa, busca identificar também características de outras fibras sintéticas que tenham influência na resistência da argamassa.
Definição de padrões
Criado em 2004, o Consitra integra diversos agentes da cadeia produtiva em um projeto com objetivo de desenvolver novas tecnologias de revestimento que sejam mais confiáveis, duráveis e de custo compativo com o mercado nacional. Além da USP e Federal de Goiás, fazem parte do consórcio instituições como a Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Construção Civil (Abratec), o Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP), a Associação Brasileira de Argamassas Industrializadas (Abai) e a Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP).
O Consitra tem recursos da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), por meio do Programa de Tecnologia de Habitação (Habitare), e conta atualmente com cerca de 30 projetos de pesquisa em andamento com foco em problemas tecnológicos que envolvem o revestimento de edifícios, entre os quais estudos sobre aderência, fissuração e manchas provocadas por microrganismos.
Segundo Mércia Barros, as pesquisas feitas no âmbito do Consitra estão dando origem ao desenvolvimento de normas técnicas junto à Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Um desses padrões normativos auxiliará no conhecimento do que os pesquisadores chamam de “módulo de deformação de argamassas”.
Esse tipo de ensaio das taxas de deformação é atualmente realizado, de acordo com a professora da Poli-USP, de forma heterogênea no mercado e a falta de padronização nos testes tem comprometido a confiabilidade dos estudos realizados pelas empresas.
“Cada construtora avalia seus produtos de maneira distinta e sem parâmetros de comparação. Com a nova norma da ABNT, que deverá estar em vigor nos próximos meses, todas as empresas terão que seguir uma mesma linha de avaliação, uma vez que no mercado existem diversos tipos de argamassas, que são usadas por construtoras que muitas vezes desconhecem exatamente o padrão de comportamento do produto”, afirmou.
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