Para vestir a alma do ator
14 de abril de 2004

Tese revela a evolução da importância dos figurinos no teatro moderno e resulta em exposição que fica no Theatro Municipal de São Paulo até junho. Leia na reportagem da nova edição de Pesquisa FAPESP

Para vestir a alma do ator

Tese revela a evolução da importância dos figurinos no teatro moderno e resulta em exposição que fica no Theatro Municipal de São Paulo até junho. Leia na reportagem da nova edição de Pesquisa FAPESP

14 de abril de 2004

 

Por Carlos Haag, da revista Pesquisa FAPESP

Se no cotidiano, diz o ditado, o hábito faz o monge, no palco ele é capaz de criar condes, duques, mulheres do povo, ninfas e deusas, tudo o que a imaginação de um cenógrafo desejar. "Os figurinos são a ponte de ligação entre o ator e o olho do espectador. São linhas, formas, cores e significados que têm a função de ligar ator e platéia, dando pistas sobre aquele que o veste, manifestando até mesmo, externamente, formas internas de um personagem", explica Fausto Viana, que defendeu em março tese de doutorado sobre o tema O figurino das renovações cênicas do século 20: um estudo de sete encenadores. Com ela entendemos a mágica teatral dos hábitos em criar, diante dos nossos olhos, os monges.

Analisando o trabalho da criação de figurinos de Appia, Craig, Stanislavski, Artaud, Brecht, Reinhardt e Mnouchkine, Viana revela a importância dos trajes no desenvolvimento da arte de atuar e de como eles foram um componente importante na busca por um teatro moderno, que procura a arte total, feita de aparente simplicidade, mas com imensa sutileza e força expressiva.

O pesquisador organizou uma mostra de figurinos de seis das peças analisadas em seu doutorado. A exposição, Trajes e cena, fica em cartaz, no Theatro Municipal de São Paulo, até 21 de junho, no Salão dos Arcos. Lá estão os figurinos de Os Cenci (Artaud), 1789 (Mnouchkine), As bodas de Fígaro (Stanislavski), Sonhos de uma noite de verão (Reinhardt) e Hamlet (Craig).

"A principal característica do trabalho deles é a busca pelo todo, pela integração de todos os elementos que integram um espetáculo. O figurino faz parte dessa procura, pois, além de integrar-se ao todo, ele veste e revela o núcleo mais importante do espetáculo: o ator e seu corpo", diz.

Curiosamente, todo o processo teve início com uma constatação, hoje, óbvia: o mundo e, é claro, os atores que povoam esse mundo cênico são tridimensionais. Por séculos, encenadores se contentaram com figurinos belos e vazios e com cenários compostos de telões pintados.

Todos os encenadores pesquisados por Viana perceberam que havia uma necessidade de mudança: era preciso uma nova cena, mais expressiva, para tirar o espectador da passividade. Todas as artes deveriam estar a serviço de um ideal maior do que a beleza: a adequação à dramaturgia. "Era preciso expressar a verdade cênica de dentro para fora, do interior do artista para seu exterior, como uma verdade vivida e não representada falsamente."

Clique aqui para ler com exclusividade a reportagem de capa da edição 96 de Pesquisa FAPESP.

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