O gênero Myiopagis está presente nos bandos da Mata Atlântica

Paisagens quebradas
08 de dezembro de 2003

Cientistas brasileiros investigam a relação entre fragmentos da Mata Atlântica em Minas Gerais e a composição de bandos mistos de aves. Os resultados mostram que esse tipo de abordagem pode auxiliar na sustentação de estratégias de conservação florestal

Paisagens quebradas

Cientistas brasileiros investigam a relação entre fragmentos da Mata Atlântica em Minas Gerais e a composição de bandos mistos de aves. Os resultados mostram que esse tipo de abordagem pode auxiliar na sustentação de estratégias de conservação florestal

08 de dezembro de 2003

O gênero Myiopagis está presente nos bandos da Mata Atlântica

 

Agência FAPESP - Mata Atlântica e pássaros formam um binômio bastante sólido. Como o primeiro elemento está bastante fragmentado – apenas 7% da cobertura original resiste no Brasil –, entender o que ocorre com as aves é uma forma de perceber as conseqüências da devastação ambiental.

Os ecólogos e zoológos que investigam o comportamento das aves na natureza sabem que muitas espécies, além de serem dependentes das áreas florestadas, também sobrevivem por terem aprendido a viver em bandos.

O estudo feito pelos cientistas naturais Marcos Maldonado-Coelho, da Universidade do Missouri, nos Estados Unidos, e Miguel Marini, da Universidade de Brasília, publicado nos Papéis Avulsos de Zoologia, relacionou, a partir de variáveis ligadas ao espaço e ao tempo, os bandos multiespecíficos – duas ou mais espécies – com os fragmentos da Mata Atlântica em Minas Gerais. A sobrevivência de todos os pássaros está relacionada à cadeia de interações ecológicas que existe entre eles.

Os pesquisadores observaram três tipos diferentes de bandos: os heterogêneos; os de sub-bosque; e os que vivem na altura das copas das árvores. No primeiro não se registrou uma influência significativa entre a área do fragmento e a composição dos bandos. Nesse tipo específico, segundo a pesquisa, a sazonalidade é o que mais afeta a presença, ou não, de certas espécies na floresta.

Nos outros bandos analisados, os cientistas identificaram que a sobrevivência de certas espécies está intimamente ligada à coexistência específica. Nesse caso, a alta fragmentação da Mata Atlântica é um problema ambiental sério para as aves.

"A sugestão é que se mantenha a maior área possível de cobertura vegetal dos fragmentos e com uma reduzida distância entre estes", dizem os pesquisadores no estudo. Segundo eles, isso permitiria a existência de uma maior riqueza de espécies e também facilitaria a dispersão dos organismos entre os fragmentos, favorecendo a manutenção de interações biológicas, como são os próprios bandos mistos de aves.

Além de aumentar os conhecimentos da biologia e ecologia dos pássaros que vivem em bandos, os pesquisadores também defendem que investigações como essas realizadas em Minas Gerais sejam utilizadas para auxiliar eventuais estratégias de conservação da Mata Atlântica.

Para ler o texto na íntegra, disponível na biblioteca virtual SciELO: clique aqui .


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