Restam apenas 3% da cobertura original de floresta com araucária no Brasil
(foto:RMA)

Paisagem quase histórica
13 de maio de 2005

Florestas de Araucária estão quase sumindo do mapa dos biólogos. Da cobertura original, os dados mostram que restam apenas 3%. A situação do ecossistema, que faz parte da Mata Atlântica, será amplamente debatida na próxima semana em Campos do Jordão (SP)

Paisagem quase histórica

Florestas de Araucária estão quase sumindo do mapa dos biólogos. Da cobertura original, os dados mostram que restam apenas 3%. A situação do ecossistema, que faz parte da Mata Atlântica, será amplamente debatida na próxima semana em Campos do Jordão (SP)

13 de maio de 2005

Restam apenas 3% da cobertura original de floresta com araucária no Brasil
(foto:RMA)

 

Por Eduardo Geraque

Agência FAPESP - Campos do Jordão, nos altos da Serra da Mantiqueira, em São Paulo, não por acaso será palco de importantes discussões sobre pesquisa e política ambiental. Entre os dias 18 e 22 de maio, o futuro da quase desaparecida Floresta de Araucária será praticamente decidido. A cidade do interior paulista foi escolhida porque lá as araucárias (Araucaria angustifolia) ainda resistem na bastante modificada paisagem local.

"O fato de a araucária ser o foco da Semana da Mata Atlântica, que será comemorada em Campos do Jordão, é um coroamento do processo, principalmente no que se refere à criação das oito novas áreas de conservação propostas por iniciativas e estudos que começaram em 2002", disse Miriam Prochnow, uma das responsáveis pela organização do evento à Agência FAPESP. A ambientalista é também coordenadora geral da Rede de ONGs da Mata Atlântica, que congrega mais de 200 instituições de todo o Brasil.

Como restam apenas 3% da cobertura original da Floresta de Araucária, que faz parte do bioma Mata Atlântica, cientistas e ambientalistas, com base em um extenso levantamento do problema, reivindicam a criação de oito novas unidades de conservação. Essas áreas seriam geograficamente implantadas em Santa Catarina e no Paraná. A expectativa desses dois grupos é que o anúncio da criação seja feito em Campos do Jordão, na semana que vem, pela própria ministra Marina Silva.

Apesar de ser apenas uma ferramenta, mas não a única, as unidades poderiam ajudar na conservação e recuperação da floresta de araucária, acreditam os pesquisadores. Dos 3% que restam da floresta de araucária (1% apenas é de floresta primitiva), apenas 0,2% está protegido em áreas de conservação. Todos garantem que isso é insuficiente para que a biodiversidade desse tipo de floresta seja mantido.

Os números do professor João de Deus Medeiros, da Universidade Federal de Santa Catarina, dão mais dramaticidade ao quadro. Enquanto no Paraná restam apenas 0,8% de remanescentes em estágio avançado de recuperação, em Santa Catarina o percentual é de 0,7%. No Rio Grande do Sul a floresta está no limiar do desaparecimento. O pesquisador catarinense também estará no evento que será realizado na Serra da Mantiqueira na próxima semana.

Ao lado dos anúncios governamentais, haverá várias discussões científicas, entre os dias 20 e 22 de maio, sobre a floresta com araucária. A programação será dividida em três segmentos. Além de troca de informações sobre o sistema nacional de unidades de conservação e a conservação do ecossistema, serão realizados debates sobre o monitoramento e a fiscalização da floresta. Ações no campo da educação ambiental, para que os pinheiros brasileiros não virem apenas imagens dos livros de história, também serão avaliadas.


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