Foto: A.Muggiati

'Pai' de Dolly é contra a clonagem humana
14 de julho de 2003

Tratado como estrela pop, o embriologista escocês Keith Campbell, criador da ovelha clonada, diz na 55ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência porque não defende a clonagem de seres humanos

'Pai' de Dolly é contra a clonagem humana

Tratado como estrela pop, o embriologista escocês Keith Campbell, criador da ovelha clonada, diz na 55ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência porque não defende a clonagem de seres humanos

14 de julho de 2003

Foto: A.Muggiati

 

Por André Muggiati, do Recife


(Agência FAPESP) - O embriologista escocês Keith Campbell, 49 anos, "pai" da ovelha Dolly junto com o compatriota Ian Wilmut, recebeu tratamento de estrela
na 55ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em Recife.

Diante de um auditório completamente lotado, com pessoas se acotovelando na porta para tentar entrar, Campbell falou sobre a experiência de ter sido o criador do primeiro clone de um mamífero e sobre os mais recentes avanços em clonagem. Em seguida, o cientista teve que se render a uma longa jornada de fotos com os participantes e deu dezenas de autógrafos.

Em sua palestra, Campbell disse que não é favorável à clonagem de seres humanos. Para ele, a ciência da clonagem ainda não avançou o suficiente para que possam ser clonadas pessoas. "O processo ainda apresenta eficiência muito baixa, com a perda de muitos embriões", disse. Ele apontou também as considerações éticas para não se fazer um clone humano, como a pressão pública que a criança e seu pai (ou mãe) sofreriam. "Mas, o mais importante, é que não há motivo real para se clonar humanos", afirmou.

Campbell disse que os estudos atuais de clonagem estão voltados para entender melhor o processo, para melhorar sua eficiência. Ele também está procurando maneiras de produzir células-tronco sem clonagem. As células-tronco são células de embriões, ainda não diferenciadas, e que podem ser usadas para diversos tratamentos médicos, como no câncer de medula óssea. Atualmente, cientistas britânicos estão trabalhando com a produção de células-tronco a partir de embriões que são descartados por clínicas de reprodução.

Esse procedimento ainda não é permitido no Brasil. Por este motivo, após a palestra de Campbell, Mayana Zatz, do Centro de Estudos do Genoma Humano, da Universidade de São Paulo (USP), fez um pronunciamento aos presentes pedindo sua adesão a uma campanha que busca liberar esse tipo de pesquisa no País.

Campbel foi trazido à SBPC pelo British Council, que está promovendo uma série de eventos na reunião, em comemoração aos 50 anos da descoberta da estrutura em dupla hélice do DNA, realizada em 1953 por James Watson e Francis Crick.

À tarde, Ricardo de Carvalho Ferreira, da Universidade Federal de Pernambuco, e Francisco Mauro Salzano, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, deram continuação à comemoração, falando sobre a história da descoberta que revolucionou o estudo da biologia e a ciência contemporânea.

A seguir, Paolo Zanotto, da USP, apresentou a Rede de Diversidade Genética de Vírus, projeto financiado pela FAPESP que busca entender a maneira como os vírus se distribuem e espalham pelo planeta.


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