Ouvindo a voz dos índios
16 de março de 2004

Centro de estudos analisa o passado das Missões não apenas a partir da visão dos jesuítas, mas daqueles nativos que foram influenciados pelos religiosos. Leia em reportagem da nova edição da revista Pesquisa FAPESP

Ouvindo a voz dos índios

Centro de estudos analisa o passado das Missões não apenas a partir da visão dos jesuítas, mas daqueles nativos que foram influenciados pelos religiosos. Leia em reportagem da nova edição da revista Pesquisa FAPESP

16 de março de 2004

 

Por Laura Greenhalgh – Revista Pesquisa FAPESP

Homens de idéias se manifestaram sobre a saga missioneira protagonizada por religiosos e nativos da América, em tempos coloniais. Voltaire afirmou que as reduções jesuíticas dos séculos 16, 17 e 18 foram o triunfo da Humanidade. Montesquieu comparou-as ao sistema político-filosófico imaginado por Platão, em A República.

Hegel salientou a evolução humana a partir de uma utopia fundada na fraternidade entre os diferentes. E assim, em meio a finas analogias, construiu-se a convicção de que aos discípulos de Santo Ignácio, formados nos rigores da Companhia de Jesus e investidos de mandato divino, coube a missão de resgatar indivíduos do período neolítico em que viviam, introduzindo-os no Renascimento – num salto civilizatório sem escalas.

Não fosse a História fonte de constantes revelações, a tese seria satisfatória. Mas o passado insiste em emergir nas ruínas das Missões que tiveram lugar no Brasil, na Argentina e no Paraguai. E emerge de maneira pulsante, até inesperada.

"Estamos vivendo um tempo de relativizações. Não podemos ver as Missões só com os olhos da gloriosa Companhia de Jesus. Precisamos ouvir o que os índios, vivos e mortos, têm a nos dizer." Curiosamente, a recomendação é de um jesuíta – padre Pedro Ignácio Schmitz, de 76 anos, um dos pioneiros da arqueologia no Brasil, professor de antropologia, conselheiro do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e diretor do Instituto Anchietano de Pesquisas, em São Leopoldo, no Rio Grande do Sul. Nesse centro ligado à Universidade Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), o passado é escavado em sucessivas investigações – seja na análise de relatórios assinados por jesuítas e leigos, seja nas buscas aos sítios arqueológicos, seja na reconstrução das Missões, via computação gráfica.

Nos últimos anos, o centro dirigido por padre Schmitz vem fomentando teses acadêmicas que realçam aspectos ainda pouco conhecidos em relação ao convívio de jesuítas e índios nos empreendimentos coloniais. A clássica pergunta – por que certas Missões deram certo, e outras não? – ganha, a partir desses estudos, uma complexidade imprescindível à compreensão do passado.

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