Na COP 8, especialistas apontam que apenas um esforço coletivo pode fazer com que espécies invasoras deixem de causar danos para a biodiversidade local, como no caso dos castores na Terra do Fogo

Origem (externa) das espécies
24 de março de 2006

Na COP 8, em Curitiba, especialistas apontam que apenas um esforço coletivo pode fazer com que espécies invasoras deixem de causar danos para a biodiversidade local

Origem (externa) das espécies

Na COP 8, em Curitiba, especialistas apontam que apenas um esforço coletivo pode fazer com que espécies invasoras deixem de causar danos para a biodiversidade local

24 de março de 2006

Na COP 8, especialistas apontam que apenas um esforço coletivo pode fazer com que espécies invasoras deixem de causar danos para a biodiversidade local, como no caso dos castores na Terra do Fogo

 

Por Eduardo Geraque, de Curitiba

Agência FAPESP - Se o naturalista inglês Charles Darwin (1809-1882) passasse hoje pela Terra do Fogo, 175 anos após o término da histórica jornada a bordo do Beagle, teria presenciado uma cena inusitada. Também teria dificuldade para separar a intervenção humana da evolução natural das espécies.

Darwin veria uma enorme quantidade de castores, espécie que até a década de 1940 não existia por ali. Como o clima frio da região parecia ideal para a criação do animal – e como o comércio de peles era um negócio bastante rentável – empresários argentinos resolveram importar 25 casais do Canadá.

Como a pele dos castores não cresceu de forma que se tornasse economicamente rentável, os bichos foram abandonados. O resultado é que, hoje, na Terra do Fogo, a população de castores ultrapassou os 100 mil indivíduos, tornando-se uma grande praga biológica.

O tema das espécies invasoras foi bastante debatido durante a Oitava Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (COP 8), em Curitiba, nesta quinta-feira (23/3). O motivo foi a apresentação do estudo América do Sul invadida, do Programa Global de Espécies Invasoras, que mostra os principais problemas existentes hoje no continente.

"Para evitar problemas com as espécies invasoras, o melhor é fazer ações preventivas. É o que a maioria dos países está fazendo", explica Sílvia Ziller, coordenadora do programa de espécies exóticas invasoras para a América do Sul da The Nature Conservancy Brasil, à Agência FAPESP.

Como o castor é apenas um dos muitos exemplos do problema, Sílvia lembra que, caso a prevenção falhe, não se pode pensar em abandonar por completo a espécie vinda de outra parte do mundo. "O Brasil tem o seu banco de dados, o que é bastante positivo, mas precisamos de um plano de ação para cada uma das invasões", afirma a pesquisadora.

Segundo o Ministério do Meio Ambiente, que tem feito várias ações nos últimos anos para tentar atacar o problema, existem 204 espécies exóticas invasoras terrestres no país. Esse levantamento, feito em 2005 e que contou com a colaboração da The Nature Conservancy do Brasil, mostra que 64% das espécies estão se multiplicando e impactando a biodiversidade brasileira. Quase 85% foram trazidas de forma voluntária.

Se em alguns casos o combate ao invasor é mais fácil, porque o problema, por enquanto, é apenas pontual, em outras situações apenas um grande trabalho coletivo poderá ajudar no controle da biodiversidade nacional. "O caramujo africano, por exemplo, encontra-se atualmente em pelo menos 15 estados brasileiros", afirma Sílvia. A espécie Achatina fulica, com média de sete centímetros de altura, foi trazida ao país na década de 1980 para a criação de escargot.

Mais informações sobre a COP 8: www.biodiv.org e www.cdb.gov.br





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