Pesquisadores fazem nova datação de artefatos encontrados há 80 anos nos Estados Unidos e concluem que a cultura Clóvis é mais nova do que se estimava e que não poderia ter sido o berço do povoamento nas Américas (Science)
Pesquisadores fazem nova datação de artefatos encontrados há 80 anos nos Estados Unidos e concluem que a cultura Clóvis é mais nova do que se estimava e que não poderia ter sido o berço do povoamento nas Américas
Pesquisadores fazem nova datação de artefatos encontrados há 80 anos nos Estados Unidos e concluem que a cultura Clóvis é mais nova do que se estimava e que não poderia ter sido o berço do povoamento nas Américas
Pesquisadores fazem nova datação de artefatos encontrados há 80 anos nos Estados Unidos e concluem que a cultura Clóvis é mais nova do que se estimava e que não poderia ter sido o berço do povoamento nas Américas (Science)
A cultura Clóvis leva o nome do sítio arqueológico no Novo México, Estados Unidos, em que foram encontrados na década de 1920 artefatos produzidos há cerca de 11,5 mil anos. Os achados, principalmente pedras lascadas usadas em lanças, levaram à construção do modelo Clóvis-primeiro, segundo o qual uma única leva de indivíduos que cruzou o estreito de Bering, entre o Alasca e a Sibéria, teria iniciado o povoamento do continente americano. Mas, nos últimos anos, a teoria tem enfrentado grande resistência, após descobertas de povoamentos possivelmente anteriores no Chile e em outros países.
Um novo estudo, publicado na edição de 23 de fevereiro da revista Science, parece enterrar de vez a teoria. Ou, como preferem os autores, "coloca o último prego no caixão" do modelo Clóvis-primeiro. A afirmação não deriva da descoberta de outro povoamento anterior, mas da própria cultura encontrada há oito décadas no Novo México.
Os norte-americanos Michael Waters, da Universidade A&M do Texas, e Thomas Stafford, dos Laboratórios Stafford, no Colorado, analisaram amostras de diversos sítios Clóvis e concluíram que datavam de 10.800 a 11.050 anos atrás.
As estimativas, feitas com um novo sistema de datação por radiocarbono, contestam análises anteriores, que estimavam a idade dos artefatos entre 10.900 e 11.500 anos. "Essas datações foram feitas nas décadas de 1960 ou 1970, quando a tecnologia era muito inferior à disponível atualmente. No novo estudo, conseguimos uma margem de erro de apenas 30 anos", disse Waters em comunicado da Universidade A&M do Texas.
A revisão leva a uma conclusão surpreendente, pois implica que a cultura Clóvis pode ter durado apenas dois séculos. Com tão pouco tempo, seria impossível que seus representantes tivessem se espalhado pelo continente.
"Uma vez que se conclui que o complexo Clóvis é mais novo e que durou muito menos do que se imaginava, você se pergunta como tais pessoas poderiam, em tão pouco tempo, ter alcançado a América do Sul", disse Waters. "É muito pouco provável que eles tenham se deslocado tão rapidamente."
Outra conseqüência direta dos resultados da pesquisa é que registros como o de Monte Verde, no Chile, passam a anteceder os mais antigos da cultura Clóvis em pelo menos mil anos.
"Uma implicação do estudo é que cientistas passarão a procurar por evidências pré-Clóvis com muito mais vigor. Outro ponto é que seremos forçados a desenvolver um novo modelo para explicar o povoamento das Américas", disse Waters.
O artigo Redefining the age of Clovis: Implications for the peopling of the Americas, de M.R. Waters e T.W. Stafford Jr., pode ser lido por assinantes da Science em www.sciencemag.org.
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