Imagem do octaedro de 22 nanômetros obtido por pesquisadores norte-americanos (foto: divulgação)

Origami feito de DNA
18 de fevereiro de 2004

Pesquisadores norte-americanos criam seqüência de DNA que se dobra espontaneamente e adquire a forma de um octaedro com 22 nanômetros (bilionésimo de metro). Estrutura poderá ser utilizada no futuro para o desenvolvimento de medicamentos ou de minúsculos computadores

Origami feito de DNA

Pesquisadores norte-americanos criam seqüência de DNA que se dobra espontaneamente e adquire a forma de um octaedro com 22 nanômetros (bilionésimo de metro). Estrutura poderá ser utilizada no futuro para o desenvolvimento de medicamentos ou de minúsculos computadores

18 de fevereiro de 2004

Imagem do octaedro de 22 nanômetros obtido por pesquisadores norte-americanos (foto: divulgação)

 

Agência FAPESP - Um grupo de cientistas do Instituto de Pesquisas The Scripps, dos Estados Unidos, conseguiu criar uma seqüência de DNA que se dobra espontaneamente em uma nanoestrutura rígida, assumindo a forma de um octaedro.

Apelidado de nanoorigami, pelas similaridades com as tradicionais dobraduras de papel, a estrutura tem 22 nanômetros (bilionésimo de metro) de diâmetro, tamanho aproximado ao de um pequeno vírus.

De acordo com os pesquisadores responsáveis pelo projeto, obter um octaedro a partir de uma simples seqüência de DNA é um grande passo para a nanociência, uma vez que a estrutura pode ser trabalhada com as ferramentas da biologia molecular de modo a ser facilmente duplicada, aumentada, evoluída ou adaptada para várias aplicações.

Outra vantagem é que o processo pode ser escalonado, para produzir nanomateriais uniformes e em grandes quantidades. Os cientistas acreditam que os octaedros possam servir, no futuro, como blocos de montar em projetos de medicamentos ou de minúsculos computadores.

"Agora temos controle biológio, e não apenas químico, sobre a produção de objetos rígidos a partir do DNA", disse o líder da pesquisa William Shih, em comunicado do Instituto Scripps. O estudo foi publicado na edição de 12/2 da revista científica Nature.

Shih teve a idéia de utilizar o octaedro quando, ao montar estruturas plásticas flexíveis, percebeu um princípio importante: formas com faces triangulares são rígidas, enquanto cubos ou outras formas não-triangulares são facilmente deformadas.

Trabalhando em conjunto com Gerald Joyce, do departamento de biologia molecular do mesmo instituto, Shih construiu uma seqüência de DNA com 1.669 nucleotídeos especialmente desenhada de modo a ter um determinado número de regiões que, uma vez estimuladas, dobrar-se-iam de modo a adquirir a forma geométrica prevista. Para o estímulo, os cientistas aqueceram e em seguida esfriaram soluções contendo DNA e íons de magnésio.

Após terem conseguido que a seqüência se dobrasse num octaedro, Shih e Joyce utilizaram um microscópio eletrônico para obter imagens do objeto em duas dimensões. Como a estrutura era composta por linhas absolutamente uniformes, isso permitiu que os pesquisadores reconstruísem uma imagem tridimensional com o auxílio de um computador.


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