Desenvolvido por pesquisadores do Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Indústria, sistema computacional está sendo testado em escolinha de futebol do Santos (foto: Phelipe Janning/Agência FAPESP)

"Olheiro virtual" auxilia a identificação de talentos esportivos
11 de novembro de 2015

Desenvolvido por pesquisadores do Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Indústria, sistema computacional está sendo testado em escolinha de futebol do Santos

"Olheiro virtual" auxilia a identificação de talentos esportivos

Desenvolvido por pesquisadores do Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Indústria, sistema computacional está sendo testado em escolinha de futebol do Santos

11 de novembro de 2015

Desenvolvido por pesquisadores do Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Indústria, sistema computacional está sendo testado em escolinha de futebol do Santos (foto: Phelipe Janning/Agência FAPESP)

 

Elton Alisson  |  Agência FAPESP – Os treinadores de futebol e de outras modalidades esportivas poderão contar com o auxílio de um “olheiro virtual” para identificar novos talentos para seus clubes.

Um grupo de pesquisadores do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da Universidade de São Paulo (USP), campus de São Carlos, desenvolveu um método estatístico capaz de identificar atletas com desempenho acima da média em suas respectivas modalidades esportivas.

Batizado de iSports, o projeto está sendo coordenado por pesquisadores do Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Industria (CeMEAI) – um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPIDs) financiados pela FAPESP.

“Um aspirante a jogador de futebol profissional, no Brasil, tem que passar por diferentes processos seletivos e pode ter que esperar anos para ter seu talento reconhecido. O sistema que estamos desenvolvendo vai funcionar como um ‘olheiro virtual’ e encurtar esse tempo de reconhecimento”, disse Francisco Louzada, professor do ICMC-USP e coordenador do projeto, à Agência FAPESP.

O sistema – que está sendo finalizado e deve ser disponibilizado antes dos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro – está voltado, inicialmente, ao futebol, e se baseia em resultados de testes físicos e de habilidades esportivas de atletas.

Realizados por técnicos e profissionais de educação física, os testes físicos de jogadores de futebol – como os de corrida de resistência, velocidade e potência anaeróbica – medem o desempenho do atleta em uma sequência de corridas com distâncias variadas.

Já as provas de habilidades incluem testes de passe, drible e chute. No teste de passe, por exemplo, o atleta tem quatro tentativas de chutes em direção a um determinado alvo. No teste de drible, ele precisa correr em ziguezague em torno de cones. E na prova de chute, tem que receber a bola e acertar determinadas áreas demarcadas em um gol.

Os resultados dos testes físicos e de habilidades dos jogadores são inseridos em um banco de dados do sistema.

Por meio de modelagens estatísticas avançadas, o sistema analisa os resultados obtidos pelos atletas, em conjunto e isoladamente, e cria indicadores na forma de gráficos e figuras ilustrativas, que podem ser visualizadas na tela de um computador, tablet ou smartphone.

Dessa forma, o técnico de um time de futebol amador pode, por exemplo, comparar o desempenho de cada jogador individualmente em relação ao restante do grupo e identificar quais estão acima da média e deveriam ser encaminhados para participar de seletivas de clubes e quais necessitam melhorar o rendimento em campo.

“O sistema pode ser customizado e adaptado para qualquer modalidade de esporte de alto desempenho, individual ou coletivamente. Basta mudar os tipos de testes físicos e de habilidades”, explicou Louzada.

Compartilhamento de dados

Baseado em cloud computing – tecnologia que permite o acesso remoto a softwares, sem a necessidade de instalá-los –, o sistema também permite a comparação e o compartilhamento de resultados de desempenho esportivo de atletas de uma mesma modalidade de diferentes regiões do país.

Para isso, os técnicos, professores de educação física ou olheiros precisam se cadastrar no sistema e inserir dados de testes físicos e de habilidades de seus atletas.

Por meio de um sistema semelhante ao utilizado em redes sociais, um técnico pode solicitar a outro fazer parte de sua rede e ambos passam a compartilhar os indicadores de seus atletas.

Dessa forma, é possível comparar o desempenho de atletas de uma cidade, estado e até mesmo do país e identificar quais são os mais aptos para serem jogadores profissionais, apontou Louzada.

“Às vezes, há um talento esportivo escondido em uma cidade nos rincões do Brasil que dificilmente será descoberto. O iSports pode possibilitar que ele seja detectado e revelado e auxiliar o trabalho dos olheiros profissionais”, avaliou.

O sistema está sendo usado atualmente para analisar o desempenho de alunos da filial da escola de base do time paulista Santos Futebol Clube, a “Meninos da Vila”.

“Esperamos oferecer o sistema também para outras escolinhas de futebol, de forma que seja amplamente testado”, disse Louzada.

O protótipo do sistema está disponível em www.mwstat.com/isports.
 

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