Olha o perigo
29 de agosto de 2005

Diretor médico do Banco de Olhos de Campinas afirma que o mau uso de colírios pode prejudicar o resultado de tratamentos e causar doenças oculares graves

Olha o perigo

Diretor médico do Banco de Olhos de Campinas afirma que o mau uso de colírios pode prejudicar o resultado de tratamentos e causar doenças oculares graves

29 de agosto de 2005

 

Por Karin Fusaro

Agência FAPESP - Aplicar um colírio é muito simples: basta abrir os olhos e pingar uma gotinha. Entretanto, a operação exige técnica e a falta de conhecimento compromete a eficácia de tratamentos oculares, chegando a causar danos sérios à saúde.

O mau uso de colírios pela população foi comprovado pelo oftalmologista Leôncio Queiroz Neto. Diretor médico do Banco de Olhos de Campinas (SP), Leôncio entrevistou 2.700 pacientes que passaram pelo Instituto Penido Burnier, na mesma cidade. Desses, 1.809 (67%) tiveram complicações resultantes da aplicação excessiva de remédio, da descontinuidade do tratamento ou da passagem do princípio ativo do medicamento para a corrente sangüínea.

"As pessoas não acreditam que no olho cabe apenas uma gota de colírio", disse o médico à Agência FAPESP. Dos 1.809, 1.045 relataram pingar mais de uma gota por aplicação. Além do desperdício, os pacientes revelaram o costume de piscar várias vezes depois da instilação do colírio. De acordo com o médico, para fazer efeito é preciso fechar os olhos e deixar o medicamento agir por alguns minutos. A aplicação errada e a baixa absorção das substâncias fez muitos pacientes interromperem o tratamento, o que levou à piora das doenças.

A contaminação dos bicos dosadores dos frascos é outro problema recorrente. Dos pacientes entrevistados, 1.302 permitiram o contato do bico com o dedo ou com a superfície ocular. Colírios contaminados perdem suas propriedades e tornam-se ineficientes.

A pesquisa mostrou também que a automedicação é uma atitude comum entre pessoas acometidas por doenças nos olhos. Entre todos os entrevistados, 900 admitiram decidir o próprio tratamento. Justamente os adeptos de procedimentos sem acompanhamento médico estão mais vulneráveis a doenças oculares.

"Uma paciente, por exemplo, usou o colírio do pai por tempo prolongado para ‘clarear’ os olhos, ou seja, diminuir alguma irritação. O resultado foi que ela desenvolveu catarata e glaucoma nos dois olhos. Perdeu a visão de um deles e, no outro, tem apenas 20% da capacidade", relatou o médico, ressaltando a gravidade da automedicação.


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