Dos quase 1,1 mil genes presentes no cromossomo X, 25% não são silenciosos
(imagem: Science Museum/UK)
Diferenças entre sexos não podem ser creditadas mais apenas aos hormônios. Dois artigos na Nature desvendam o enigmático cromossomo X, que mostram ser muito mais ativo do que se pensava até agora
Diferenças entre sexos não podem ser creditadas mais apenas aos hormônios. Dois artigos na Nature desvendam o enigmático cromossomo X, que mostram ser muito mais ativo do que se pensava até agora
Dos quase 1,1 mil genes presentes no cromossomo X, 25% não são silenciosos
(imagem: Science Museum/UK)
As mulheres têm dois cromossomos X. Como o homem tem apenas um – o outro é o Y –, os cientistas já sabiam que a segunda cópia existente no material genético feminino era inativa. Ou seja, apenas um cromossomo seria mais do que necessário para gerar as características dos gêneros.
"Nosso estudo mostrou que o cromossomo X não é tão silencioso como pensávamos. As diferenças entre os sexos não podem mais ser consideradas apenas culpa dos hormônios", disse Laura Carrel, professora de bioquímica e biologia molecular da Universidade Penn State, nos Estados Unidos, em comunicado da instituição. A pesquisadora é a autora principal de um dos artigos publicados na revista.
Os resultados do estudo mostraram o que pouco pesquisadores imaginavam. Dos quase 1,1 mil genes presentes no cromossomo X, 25% não são silenciosos. Desse grupo, 15% são bastante ativos e 10% se encontram ligados em alguns cromossomos e desligados em outros. O estudo evolutivo desse processo também mostrou que a tendência, ao passar das gerações, é que o número de genes ativados na cópia do cromossomo X nas mulheres seja cada vez menor. Ainda não se sabe o porquê disso.
Tanto o estudo liderado por Laura, como o outro, conduzido por Mark Ross, do Instituto Sanger, da Grã-Bretanha, revelaram informações importantes que permitem identificar a posição dos genes ativos ou parcialmente ligados dentro do cromossomo X.
Decifradas um pouco mais das diferenças genéticas normais entre homens e mulheres, os pesquisadores agora esperam entrar em caminhos que levem a explicações também no campo clínico.
É sabido, entre outras coisas, que os homens são mais suscetíveis a doenças como certos tipos de distrofia muscular ou hemofilia. A solução encontrada pela natureza, de inativar parcialmente a cópia do cromossomo X, enquanto o sexo masculino nem a réplica tem, pode ser uma chave para novas e importantes descobertas no campo da diferença genética dos sexos.
O artigo X-inactivation profile reveals extensive variability in X-link gene expression in females de Laura Carrel e Huntington Willard, da Universidade de Duke, assim como o trabalho The DNA sequence of the human X chromosome, de Mark Ross, do Instituto Sanger, podem ser lidos no site da Nature, em www.nature.com
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