Dos quase 1,1 mil genes presentes no cromossomo X, 25% não são silenciosos
(imagem: Science Museum/UK)

O X da questão
17 de março de 2005

Diferenças entre sexos não podem ser creditadas mais apenas aos hormônios. Dois artigos na Nature desvendam o enigmático cromossomo X, que mostram ser muito mais ativo do que se pensava até agora

O X da questão

Diferenças entre sexos não podem ser creditadas mais apenas aos hormônios. Dois artigos na Nature desvendam o enigmático cromossomo X, que mostram ser muito mais ativo do que se pensava até agora

17 de março de 2005

Dos quase 1,1 mil genes presentes no cromossomo X, 25% não são silenciosos
(imagem: Science Museum/UK)

 

Agência FAPESP - A enigmática complexidade feminina pode ser olhada sob outro prisma a partir de agora. Dois artigos publicados na edição de 17 de março da revista Nature, que esmiuçaram o cromossomo X, mostram que se de um lado o enigma está menos misterioso, de outro o adjetivo complexo deve permanecer ainda mais atrelado ao sexo feminino.

As mulheres têm dois cromossomos X. Como o homem tem apenas um – o outro é o Y –, os cientistas já sabiam que a segunda cópia existente no material genético feminino era inativa. Ou seja, apenas um cromossomo seria mais do que necessário para gerar as características dos gêneros.

"Nosso estudo mostrou que o cromossomo X não é tão silencioso como pensávamos. As diferenças entre os sexos não podem mais ser consideradas apenas culpa dos hormônios", disse Laura Carrel, professora de bioquímica e biologia molecular da Universidade Penn State, nos Estados Unidos, em comunicado da instituição. A pesquisadora é a autora principal de um dos artigos publicados na revista.

Os resultados do estudo mostraram o que pouco pesquisadores imaginavam. Dos quase 1,1 mil genes presentes no cromossomo X, 25% não são silenciosos. Desse grupo, 15% são bastante ativos e 10% se encontram ligados em alguns cromossomos e desligados em outros. O estudo evolutivo desse processo também mostrou que a tendência, ao passar das gerações, é que o número de genes ativados na cópia do cromossomo X nas mulheres seja cada vez menor. Ainda não se sabe o porquê disso.

Tanto o estudo liderado por Laura, como o outro, conduzido por Mark Ross, do Instituto Sanger, da Grã-Bretanha, revelaram informações importantes que permitem identificar a posição dos genes ativos ou parcialmente ligados dentro do cromossomo X.

Decifradas um pouco mais das diferenças genéticas normais entre homens e mulheres, os pesquisadores agora esperam entrar em caminhos que levem a explicações também no campo clínico.

É sabido, entre outras coisas, que os homens são mais suscetíveis a doenças como certos tipos de distrofia muscular ou hemofilia. A solução encontrada pela natureza, de inativar parcialmente a cópia do cromossomo X, enquanto o sexo masculino nem a réplica tem, pode ser uma chave para novas e importantes descobertas no campo da diferença genética dos sexos.

O artigo X-inactivation profile reveals extensive variability in X-link gene expression in females de Laura Carrel e Huntington Willard, da Universidade de Duke, assim como o trabalho The DNA sequence of the human X chromosome, de Mark Ross, do Instituto Sanger, podem ser lidos no site da Nature, em www.nature.com


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