A luneta paralática é um dos instrumentos em exposição na Pinacoteca de São Paulo
(foto:Eduardo Cesar)

O saber em cena
20 de janeiro de 2005

Parte do acervo do Museu de Física e do Observatório Astronômico da Universidade de Coimbra pode ser visto até 13 de março na Pinacoteca do Estado de São Paulo. Leia na reportagem da revista Pesquisa FAPESP

O saber em cena

Parte do acervo do Museu de Física e do Observatório Astronômico da Universidade de Coimbra pode ser visto até 13 de março na Pinacoteca do Estado de São Paulo. Leia na reportagem da revista Pesquisa FAPESP

20 de janeiro de 2005

A luneta paralática é um dos instrumentos em exposição na Pinacoteca de São Paulo
(foto:Eduardo Cesar)

 

Por Neldson Marcolin

Pesquisa FAPESP - Na Europa do século 18, as demonstrações de física experimental se faziam não só nas universidades, mas também em clubes e sociedades, salas alugadas pelos chamados físicos demonstradores - que viajavam com sua coleção de instrumentos - e nas residências. Não por acaso, essas experiências ganhavam ares cênicos e o termo teatro era freqüentemente associado a eventos do tipo.

Havia o Teatro das Experiências, o Teatro das Máquinas, o Teatro da Phisica Experimental e o Teatro de Poleni, entre outros. "Já em meados do século 17 a prática experimental, como meio de descoberta e de validação do conhecimento, começara a criar raízes firmes", diz Ermelinda Antunes, pesquisadora do Departamento de Física da Universidade de Coimbra (Portugal).

Com esse forte componente de entretenimento na física da época, a Pinacoteca do Estado de São Paulo tornou-se o lugar ideal para a exposição "Laboratório do mundo - idéias e saberes do século XVIII", que vai até o dia 13 de março e da qual Ermelinda é a curadora. Trata-se de uma reunião de 212 peças: instrumentos científicos e livros dos séculos 18 e 19 - cerca de 110 deles pertencentes ao Museu de Física e ao Observatório Astronômico da Universidade de Coimbra -, mapas, quadros, gravuras e pinturas do acervo da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro.

O evento integra as comemorações dos 450 anos de São Paulo e resulta de uma parceria entre o Gabinete das Relações Culturais Internacionais do Ministério da Cultura de Portugal e a Pinacoteca. A mostra é o centro de várias atividades sobre história do século 18. Outro resultado dessa cooperação poderá ser visto a partir do dia 25 de janeiro, quando será aberta a exposição "Cartografia de uma história", em conjunto com o Museu Paulista da USP, sobre os mapas relativos ao território da Capitania de São Paulo.

De todos os eventos, "Laboratório do mundo" é o que mais expressa a mudança de paradigmas e a adoção de novas idéias numa época em que se começava muito lentamente a abandonar as antigas teorias sobre o mundo natural, baseadas em Aristóteles. "A valorização da experiência tinha sido defendida por Francis Bacon na sua obra Novum Organum, publicada em 1620, em que ele afirmava que 'o progresso só poderia advir de uma união próxima e estrita das faculdades racionais e experimentais, que até ali nunca se uniram'", conta Ermelinda. No século 18 os fenômenos naturais passaram a ser vistos como um misto de matéria e forças e a ser descritos em linguagem matemática.


Clique aqui para ler o texto completo da reportagem da edição 107 de Pesquisa FAPESP.

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