O rio que faz a terra afundar
06 de janeiro de 2006

As cheias do Amazonas fazem com que as camadas de rocha que sustentam o rio afundem quase 8 centímetros a cada evento, revela estudo publicado na Geophysical Research Letters

O rio que faz a terra afundar

As cheias do Amazonas fazem com que as camadas de rocha que sustentam o rio afundem quase 8 centímetros a cada evento, revela estudo publicado na Geophysical Research Letters

06 de janeiro de 2006

 

Por Carlos Fioravanti

Agência FAPESP - O rio Amazonas sai da seca e volta a encher. Lentamente. Todo ano, as cheias do maior rio do mundo em volume de água fazem a camada rochosa que o sustenta e o cerca afundar quase 8 centímetros por causa do peso extra que elas criam.

Depois, quando o excesso de água se vai, a crosta terrestre volta ao nível anterior. Essa variação acaba de ser descrita em estudo publicado na Geophysical Research Letters, com a participação de Luiz Paulo Fortes, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e de Bruce Forsberg, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).

Coordenado por Douglas Alsdorf, geólogo da Universidade do Estado de Ohio, nos Estados Unidos, a pesquisa representa o primeiro registro de uma oscilação de massa terrestre em resposta à inundação de um rio. Com ela, abre-se agora a possibilidade de calcular a quantidade de água do Amazonas, já que se torna aparentemente possível pesar o rio com base na quantidade de rochas e terra que ele movimenta.

Por enquanto apenas se suspeita, sem grande precisão, que a quantidade de água do Amazonas que anualmente chega ao Atlântico seja dez vezes maior que a despejada pelo Mississipi, o maior rio dos Estados Unidos, no Golfo do México.

Pode se tornar mais fácil também estimar o estoque de água doce nos reservatórios subterrâneos, nos rios e lagos e nos glaciares, o que ajudaria a prever com mais precisão secas, enchentes e mudanças climáticas.

O artigo Seasonal fluctuations in the mass of the Amazon River system and Earth's elastic response, publicado no número 16 de 2005 da revista Geophysical Research Letters, pode ser lido por assinantes no site www.www.agu.org/journals/gl


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