Jeremy Rifkin (foto: Foet)
Para Jeremy Rifkin, presidente da Foundation on Economic Trends, em alguns anos surgirá uma espécie de internet do hidrogênio, em que as casas estarão em rede e cada uma terá uma célula de produção de energia a partir da substância
Para Jeremy Rifkin, presidente da Foundation on Economic Trends, em alguns anos surgirá uma espécie de internet do hidrogênio, em que as casas estarão em rede e cada uma terá uma célula de produção de energia a partir da substância
Jeremy Rifkin (foto: Foet)
Agência FAPESP - Uma nova economia, baseada na utilização da energia proveniente do hidrogênio, está sendo criada e pode livrar a humanidade da dependência do petróleo. A afirmação é de Jeremy Rifkin, presidente da Foundation on Economic Trends, dos Estados Unidos, e especialista na análise de mudanças provocadas pelas inovações científicas e tecnológicas na economia, sociedade e no meio ambiente.
Para Rifkin, que participou no dia 18 do seminário Hidrogênio - Energia do Futuro, na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, a substância pode vir a fornecer eletricidade e combustível para os mais variados setores, como residencial, comercial, industrial e de transporte.
Ele lembrou que o hidrogênio é o elemento mais abundante em todo o universo, mas não flui livremente e só pode ser obtido pela extração de gás natural, água, carvão e do próprio petróleo. Comentou que o elemento pode ser extraído de duas maneiras: de energias renováveis, de onde se retira o hidrogênio verde, ou de combustíveis fósseis, que geram o hidrogênio preto. Para Rifkin, a vantagem brasileira é a existência de outras fontes, como a biomassa da cana-de-açúcar.
"Com tantas possibilidades, o país tem a chance de se tornar a maior potência econômica do século 21, em termos de energia renovável. Mas, para isso, é preciso desenvolver estratégias que combinem o hidrogênio retirado da água com o da cana-de-açúcar. O Brasil será a única potência a não depender do petróleo e poderá servir de modelo para outros países", disse.
Rifkin visualizou a possibilidade de, nos próximos 20 anos, o mundo entrar em sério conflito por causa do petróleo, que está se esgotando no Golfo Pérsico. Apontou também a solução. "O hidrogênio será a substituição natural da era do petróleo, pois se trata de uma energia distribuída democraticamente."
O especialista destacou ainda o provável surgimento do que ele chama de rede mundial de energia do hidrogênio (HEW, na sigla em inglês), espécie de internet da energia. Assim, da mesma forma como hoje as pessoas estão conectadas a uma rede mundial de computadores, recebendo e fornecendo informações, elas estarão ligadas a uma rede de energia formada por células residenciais de produção de energia elétrica a partir do hidrogênio. Quem estiver produzindo mais energia do que necessita num determinado momento poderá enviá-la para a rede HEW para abastecer outra célula.
O presidente da Foundation on Economic Trends faz uma ressalva. Segundo ele, os países que quiserem desenvolver a tecnologia dessas células precisarão de incentivos dos governos ou de instituições ou empresas, para que todos possam ter acesso à inovação.
"É preciso haver uma parceria entre o governo, a sociedade civil e a indústria, para que a transição do petróleo para a nova economia baseada no hidrogênio seja concretizada", disse Rifkin.
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