Foto: Eduardo Geraque

O mundo das plantas dos Bororo
28 de novembro de 2003

Especialista em etnologia brasileira, a antropóloga Renate Viertler, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, mostra a importância da contextualização cultural nas pesquisas com populações indígenas

O mundo das plantas dos Bororo

Especialista em etnologia brasileira, a antropóloga Renate Viertler, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, mostra a importância da contextualização cultural nas pesquisas com populações indígenas

28 de novembro de 2003

Foto: Eduardo Geraque

 

Por Eduardo Geraque

Agência FAPESP - Urucu, jatobá e dezenas de outras plantas chamadas de medicinais pela sociedade moderna estão presentes na tribo Bororo, no Mato Grosso, nas cerimônias e rituais que marcam os ciclos de vida dos indígenas.

"As plantas são usadas tanto para a medicina curativa como para a profilática", disse à Agência FAPESP a antropóloga Renate Viertler, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. A especialista em etnologia brasileira foi uma das conferencistas do primeiro Simpósio Internacional sobre o Uso de Plantas Medicinais em Psiquiatria, que terminou na sexta-feira (28/11), em São Paulo.

Para Renate, que faz questão de frisar a importância do contexto cultural ao enfocar os índios, as pinturas corpóreas, feitas a partir do urucu ou do carmim para os rituais, funcionam como "remédios sociais". Os Bororo também se preocupam com as dietas e com a estética como forma de garantir uma boa saúde.

No caso específico das plantas consideradas medicinais, Renate explica que o conhecimento adquirido pelos índios fica restrito aos curadores. "As informações são transmitidas oralmente de geração em geração", disse a pesquisadora.

Apesar de não realizarem pesquisas científicas, pelo menos do modo como a ciência é tradicionalmente vista, os Bororo utilizam métodos ainda pouco descritos para testar a eficácia terapêutica de tratamentos e plantas. "É muito importante também a crença nos rituais e nas tradições que são passadas ao longo do tempo", disse Renate. Nas aldeias, o conhecimento que os curadores têm é considerado uma grande riqueza.


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