O mal do homem
15 de julho de 2003

Pesquisadores paulistas falam na 55ª SBPC falam sobre doenças que atingem animais selvagens, resultado da abertura de fronteiras, destruição de habitats e aumento da população humana, e o impacto delas na biodiversidade

O mal do homem

Pesquisadores paulistas falam na 55ª SBPC falam sobre doenças que atingem animais selvagens, resultado da abertura de fronteiras, destruição de habitats e aumento da população humana, e o impacto delas na biodiversidade

15 de julho de 2003

 

Por Fernando Cunha, do Recife


(Agência FAPESP) - Lucile Floeter-Winter e Henrique Krieger, ambos do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP), e José Luiz Catão Dias, da Fundação Parque Zoológico de São Paulo, explicaram na 55ª SBPC as influências da origem genética, das condições atuais do meio ambiente e das doenças em animais selvagens sobre a biodiversidade.

Dias comparou os efeitos das doenças em animais aos causados pelos colonizadores europeus no Brasil, que trouxeram doenças como a cólera e a malária, que dizimaram a população indígena.

Muito semelhantes aos processos patológicos que ocorrem em serem humanos, as doenças que atingem esses animais, tanto na vida livre como no cativeiro, são conseqüências da abertura de fronteiras, destruição e invasão de habitats e aumento da população humana.

Foram descritos casos de obesidade em antílopes, raquitismo em marrecos e escorbuto (deficiência de vitamina C) em primatas. Outras doenças degenerativas e endócrinas também têm sido observadas em animais selvagens de vida livre. A equipe de Dias já descreveu, por exemplo, um caso de tumor hepático em cascavel e de adenocarcinoma em uma onça.

Lucile Floeter-Winter apresentou a visão molecular das doenças. Em estudo com bactéria Escherichia coli ela observou transformações importantes do microrganismo com a incorporação de informações completas (fragmentos de DNA) em seu material genético. Como exemplo, a pesquisadora mostrou o resultado de uma mutação num elemento gênico que produziu mudanças em vários genes, que resultaram no aparecimento de um par de patas no lugar de um par de antenas numa Drosophila, a mosca da fruta.

Estudos que começaram há mais de dez anos com Erney Camargo e Luiz Hildebrando Pereira da Silva, em Rondônia, são também a área de interesse de Henrique Krieger. O pesquisador explicou como a resistência à malária pode ser determinada pelo material genético de populações da Amazônia expostas ao Plasmodium vivax, responsável pelo tipo da doença mais prevalente naquela região.


  Republicar
 

Republicar

A Agência FAPESP licencia notícias via Creative Commons (CC-BY-NC-ND) para que possam ser republicadas gratuitamente e de forma simples por outros veículos digitais ou impressos. A Agência FAPESP deve ser creditada como a fonte do conteúdo que está sendo republicado e o nome do repórter (quando houver) deve ser atribuído. O uso do botão HMTL abaixo permite o atendimento a essas normas, detalhadas na Política de Republicação Digital FAPESP.