O laço do RNA

Republicar

A Agência FAPESP licencia notícias via Creative Commons (CC-BY-NC-ND) para que possam ser republicadas gratuitamente e de forma simples por outros veículos digitais ou impressos. A Agência FAPESP deve ser creditada como a fonte do conteúdo que está sendo republicado e o nome do repórter (quando houver) deve ser atribuído. O uso do botão HMTL abaixo permite o atendimento a essas normas, detalhadas na Política de Republicação Digital FAPESP.

Agência FAPESP* –Agência FAPESP - Desde 1975, quando a dupla David Baltimore e Howard Temin ganhou o prêmio Nobel de Medicina, sabe-se que a replicação dos retrovírus obedece a um sistema pouco convencional.

Na maioria dos organismos, inclusive nos seres humanos, as proteínas são formadas após o processo de transcrição feito pelo RNA. As informações genéticas, nesse caso, estão codificadas no DNA. Nos retrovírus, como ocorre no HIV por exemplo, o processo é diferente.

Os genomas desses microorganismos começam pelo RNA. Para dar origem à dupla fita de DNA, o processo apresenta uma etapa que, até agora, era vista como um grande mistério pelos cientistas. Uma parte da fita já pronta de DNA é transferida de uma das pontas do RNA para a outra extremidade. Descobrir como ocorre esse pulo era um dos desafios que os cientistas tentavam vencer.

No artigo publicado na edição de 9 de janeiro da revista Science, assinado por Thomas Menees e Zhi Cheng, ambos da Universidade do Missouri, tudo se explica pela estrutura que eles nomearam de "RNA laço". As pesquisas foram realizadas em células de levedura.

Entre o pedaço de DNA complementar (cDNA), sintetizado a partir do RNA que possui o código genético do vírus, e a dupla fita, que depois será replicada no interior do núcleo das células invadidas, é que atua o laço de RNA. Quando as duas pontas se juntam, aquele trecho da fita da DNA que estava pronto é transferido para o outro lado. 

Mas o mistério não está totalmente resolvido. É preciso saber ainda se a estrutura é usada em todo processo de replicação. Além disso, uma outra dúvida é sobre a enzima que promove a quebra da estrutura em forma de laço. Os pesquisadores ainda não sabem se ela é sempre a mesma. 

Além de ser plausível, pelas informações genéticas sobre os retrovírus que existiam até hoje, o processo do laço ainda mostra como o combate aos vários tipos de retrovírus é difícil. Mesmo com a quebra do RNA laço pela célula que está sendo invadida, o pedaço de fita que contém o material genético viral não é prejudicado. Ele seguirá para a dupla fita de DNA, que depois será reproduzida dentro do núcleo celular.

A transcrição reversa que ocorre nos retrovírus é um fenômeno que ainda vai provocar os cientistas por muitos anos. Desvendar o processo é um caminho seguro, dizem os pesquisadores, para que o desenvolvimento de novas drogas contra esses microorganismos possa ter sucesso.

<b>Agência FAPESP</b> - Desde 1975, quando a dupla David Baltimore e Howard Temin ganhou o prêmio Nobel de Medicina, sabe-se que a replicação dos retrovírus obedece a um sistema pouco convencional.
<p>
Na maioria dos organismos, inclusive nos seres humanos, as proteínas são formadas após o processo de transcrição feito pelo RNA. As informações genéticas, nesse caso, estão codificadas no DNA. Nos retrovírus, como ocorre no HIV por exemplo, o processo é diferente.
<p>
Os genomas desses microorganismos começam pelo RNA. Para dar origem à dupla fita de DNA, o processo apresenta uma etapa que, até agora, era vista como um grande mistério pelos cientistas. Uma parte da fita já pronta de DNA é transferida de uma das pontas do RNA para a outra extremidade. Descobrir como ocorre esse pulo era um dos desafios que os cientistas tentavam vencer.
<p>
No artigo publicado na edição de 9 de janeiro da revista <i>Science</i>, assinado por Thomas Menees e Zhi Cheng, ambos da Universidade do Missouri, tudo se explica pela estrutura que eles nomearam de "RNA laço". As pesquisas foram realizadas em células de levedura.
<p>
Entre o pedaço de DNA complementar (cDNA), sintetizado a partir do RNA que possui o código genético do vírus, e a dupla fita, que depois será replicada no interior do núcleo das células invadidas, é que atua o laço de RNA. Quando as duas pontas se juntam, aquele trecho da fita da DNA que estava pronto é transferido para o outro lado. 
<p>
Mas o mistério não está totalmente resolvido. É preciso saber ainda se a estrutura é usada em todo processo de replicação. Além disso, uma outra dúvida é sobre a enzima que promove a quebra da estrutura em forma de laço. Os pesquisadores ainda não sabem se ela é sempre a mesma. 
<p>
Além de ser plausível, pelas informações genéticas sobre os retrovírus que existiam até hoje, o processo do laço ainda mostra como o combate aos vários tipos de retrovírus é difícil. Mesmo com a quebra do RNA laço pela célula que está sendo invadida, o pedaço de fita que contém o material genético viral não é prejudicado. Ele seguirá para a dupla fita de DNA, que depois será reproduzida dentro do núcleo celular.
<p>
A transcrição reversa que ocorre nos retrovírus é um fenômeno que ainda vai provocar os cientistas por muitos anos. Desvendar o processo é um caminho seguro, dizem os pesquisadores, para que o desenvolvimento de novas drogas contra esses microorganismos possa ter sucesso.
<br><br><br>