O impacto da SBPC
26 de julho de 2004

Balanço feito pelos organizadores no último dia da reunião em Cuiabá conclui que o tradicional encontro científico mais uma vez contribuiu com as discussões de importantes problemas brasileiros

O impacto da SBPC

Balanço feito pelos organizadores no último dia da reunião em Cuiabá conclui que o tradicional encontro científico mais uma vez contribuiu com as discussões de importantes problemas brasileiros

26 de julho de 2004

 

Por Eduardo Geraque, de Cuiabá

Agência FAPESP - As palavras são do reitor da Universidade Federal do Mato Grosso, Paulo Speller. "Muita gente não acreditava que a cidade de Cuiabá, localizada fora do eixo principal do país, pudesse realizar com sucesso uma reunião anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC)".

Pelo menos no balanço feito pelo presidente da entidade Ennio Candotti, na sexta-feira (23/7), último dia do encontro que foi realizado pela 56ª vez, quem duvidou da capacidade dos cuiabanos errou. Não foi apenas com força de vontade que a comunidade científica estadual participou do evento, que contou com a presença de estimadas 16 mil pessoas no campus da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT). De todos os trabalhos apresentados nas diversas atividades, um terço foi feito por pesquisadores mato-grossenses.

"É importante lembrar que essa reunião é aberta, o que é algo muito importante dentro do papel que a SBPC tem de divulgar e popularizar a ciência", disse à Agência FAPESP Paulo Teixeira, coordenador geral da SBPC, e também pesquisador da UFMT, onde dirige um centro de estudos do ecossistema Pantanal. Por causa disso, ainda segundo as contas de Candotti, grande parte da freqüência diária da SBPC foi formada por pessoas do Estado e, principalmente, de sua capital.

"Além disso, tivemos casos que valem por 100", disse o presidente da SBPC ao se referir, como exemplo, aos quase 2 mil estudantes que vieram do Maranhão para participar da reunião, "em ônibus nem sempre em boas condições".

Se a SBPC cumpriu um espaço grande no nível regional – alguns Estados do Norte também mandaram participantes –, em nível nacional, segundo Candotti, mais uma vez ela contribuiu com as discussões de problemas importantes brasileiros. Entre eles, o desmatamento da Amazônia, a questão da soja e dos indíos no Centro-Oeste e a reforma universitária. "As grandes cabeças intelectuais do país estiveram aqui. É falso dizer o contrário. A alegria, mais uma vez, esteve presente", afirmou.

Para o presidente da SBPC, se os críticos de encontros como o de Cuiabá dizem que as discussões científicas não acontecem mais na tradicional reunião organizado pela entidade, mas em eventos específicos de cada área, muitas vezes reservados a um grupo menor de interessados, um outro grupo, como o que esteve no Mato Grosso, pensa exatamente o contrário.

"É importante dar à ciência uma visibilidade política. As discussões que ocorrem no Congresso, por exemplo, não são feitas com base nas verdades científicas, mas sim sobre aquilo que a ciência significa para a população", disse.


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