Pesquisa da FEA-USP aponta que, apesar de a faixa mais rica em São Paulo consumir uma quantidade maior de bebidas alcoólicas, os mais pobres se prejudicam mais por gastar até 33% do orçamento mensal com bebidas (foto: divulgação)

O efeito social do álcool
18 de outubro de 2005

Pesquisa da FEA-USP aponta que, apesar de a faixa que ganha entre R$ 5 mil e R$ 10 mil em São Paulo consumir uma quantidade maior de bebidas alcoólicas, os mais pobres se prejudicam mais por gastar até 33% do orçamento mensal com bebidas

O efeito social do álcool

Pesquisa da FEA-USP aponta que, apesar de a faixa que ganha entre R$ 5 mil e R$ 10 mil em São Paulo consumir uma quantidade maior de bebidas alcoólicas, os mais pobres se prejudicam mais por gastar até 33% do orçamento mensal com bebidas

18 de outubro de 2005

Pesquisa da FEA-USP aponta que, apesar de a faixa mais rica em São Paulo consumir uma quantidade maior de bebidas alcoólicas, os mais pobres se prejudicam mais por gastar até 33% do orçamento mensal com bebidas (foto: divulgação)

 

Por Thiago Romero

Agência FAPESP - A faixa da população da cidade de São Paulo que ganha entre R$ 5 mil e R$ 10 mil consome uma quantidade maior de bebidas alcoólicas do que a mais pobre. Em contrapartida, as famílias de baixa renda chegam a gastar um terço do orçamento mensal para sustentar esse consumo, muito mais do que os ricos.

As afirmações são resultado de uma pesquisa para traçar o perfil socioeconômico do consumo de bebidas alcoólicas na capital paulista, com base na Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).

Ao analisar informações sobre 2.353 residências de diferentes regiões da cidade, a autora do estudo, Valéria Furtado Ikeda, concluiu que as famílias mais pobres são as mais prejudicadas. Os gastos com bebidas chegam a comprometer 33% do orçamento familiar em lares com renda mensal de até R$ 250.

"Essas famílias mais pobres provavelmente acabam desviando para as bebidas alcoólicas recursos que deveriam servir para suas necessidades básicas, como habitação e alimentação", disse Valéria à Agência FAPESP. O trabalho foi apresentado como dissertação de mestrado na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da Universidade de São Paulo (USP).

A parcela da população da capital paulista que ganha de R$ 5 mil a R$ 10 mil gasta apenas 2,6% de sua renda familiar com bebidas. Mas cada indivíduo nessa faixa compra, em média, 37 litros por mês, enquanto o mais pobre adquire 29 litros no mesmo período. Esses valores incluem todos os tipos de bebida alcoólica, incluindo cerveja, vinho, aguardente, licor e champanhe.

"Apesar de beberem mais, os mais ricos não sofrem tantas conseqüências econômicas e sociais. Por terem renda superior, eles ingerem bebidas de qualidade mais elevada, se alimentam adequadamente e têm acesso a melhores serviços de saúde", aponta a pesquisadora.

Valéria verificou ainda que os hábitos de consumo alcoólico dos paulistanos também podem ser separados de acordo com o poder aquisitivo. A classe alta consome mais uísque e cerveja, enquanto a classe média prefere chope e a faixa mais pobre aguardente e cerveja.

A pesquisa foi apresentada ao Programa de Pós-Graduação Interunidades em Nutrição Humana Aplicada (Pronut), que reúne as faculdades de Saúde Pública, Ciências Farmacêuticas e Economia, Administração e Contabilidade da USP.

A autora do estudo chama a atenção ainda para o fato de que o uso abusivo do álcool não distingue classes sociais. "Em qualquer nível de renda, o álcool causa dependência e pode provocar sérias conseqüências à saúde de seus consumidores", lembra.


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