Especialistas, como Ildeu de Castro Moreira, discutem alternativas para uma maior presença da ciência na mídia (foto: Thiago Romero)

O desafio de divulgar com qualidade
21 de julho de 2005

Cerca de 127 horas semanais da TV aberta no Brasil são de programas religiosos, contra apenas oito horas de divulgação científica. Especialistas, como Ildeu de Castro Moreira, discutem alternativas para uma maior presença da ciência na mídia

O desafio de divulgar com qualidade

Cerca de 127 horas semanais da TV aberta no Brasil são de programas religiosos, contra apenas oito horas de divulgação científica. Especialistas, como Ildeu de Castro Moreira, discutem alternativas para uma maior presença da ciência na mídia

21 de julho de 2005

Especialistas, como Ildeu de Castro Moreira, discutem alternativas para uma maior presença da ciência na mídia (foto: Thiago Romero)

 

Por Thiago Romero, de Fortaleza

Agência FAPESP - Um dos maiores desafios para a popularização da ciência é encontrar maneiras de conseguir levar o conhecimento produzido nos institutos de ensino e pesquisa de todo o país ao grande público.

Para os participantes de um simpósio sobre divulgação científica na 57ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em Fortaleza, trata-se de uma tarefa que demanda muito trabalho, tempo, e, principalmente, disponibilidade de espaço nos veículos de comunicação de massa.

Segundo Ildeu de Castro Moreira, diretor do departamento de Popularização da Ciência do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), apesar de ainda haver um longo caminho a percorrer, o resultado final desse processo pode render bons frutos para a formação do cidadão.

"Parece óbvio, mas é preciso criar com urgência uma política de governo que garanta uma presença maior de temas científicos e tecnológicos de qualidade na mídia brasileira", defendeu Moreira.

Lacy Varella de Andrade, que recentemente apresentou uma tese de doutorado sobre a relação entre ciência e televisão na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), ilustrou a situação com dados comparativos. Em um país com 180 milhões de telespectadores que assistem, em média, a 4 horas diárias de televisão, cerca de 127 horas semanais da TV aberta são destinadas aos programas religiosos.

"Enquanto isso, apenas oito horas dessa mesma programação semanal são destinadas a programas especializados em ciência. Sem dúvida, a televisão é a principal fonte de informação em nosso país e sua programação maltrata ou simplesmente ignora os assuntos científicos", lamenta.

Uma iniciativa apresentada no encontro e que poderia reverter o quadro seria a criação de uma política voltada a inserir definitivamente a ciência na mídia brasileira, o que incluiria os meios eletrônicos e impressos. O departamento de Popularização da Ciência do MCT está trabalhando na formulação de um documento com os tópicos prioritários para a criação de um programa nacional de divulgação científica.

Entre as prioridades do MCT na área estão o apoio a centros e museus de ciência como difusores do conhecimento, a melhoria do ensino de ciências nas escolas e o aumento das atenções para a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, que ocorre de 3 a 9 de outubro com a realização de atividades diversas em todo o país.

"Estamos inclusive planejando a abertura de um edital para financiar projetos que se destinem a implementar iniciativas de divulgação científica em todo o país. E essa não será uma tarefa fácil. Ou a sociedade civil começa a se mobilizar ou então teremos uma população cada vez menos qualificada", afirmou Moreira.


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