Mecanismos importantes da relação parasita-hospedeiro foram descobertos recentemente mas, ao mesmo tempo, novos elos surgem para intrigar ainda mais, disse Célia Regina da Silva Garcia, da USP, em Caxambu (foto: E.Geraque)

O complexo parasita da malária
19 de maio de 2004

Mecanismos importantes da relação parasita-hospedeiro foram descobertos recentemente mas, ao mesmo tempo, novos elos surgem para intrigar ainda mais, disse Célia Regina da Silva Garcia, da USP, em Caxambu (MG)

O complexo parasita da malária

Mecanismos importantes da relação parasita-hospedeiro foram descobertos recentemente mas, ao mesmo tempo, novos elos surgem para intrigar ainda mais, disse Célia Regina da Silva Garcia, da USP, em Caxambu (MG)

19 de maio de 2004

Mecanismos importantes da relação parasita-hospedeiro foram descobertos recentemente mas, ao mesmo tempo, novos elos surgem para intrigar ainda mais, disse Célia Regina da Silva Garcia, da USP, em Caxambu (foto: E.Geraque)

 

Por Eduardo Geraque, de Caxambu (MG)

Agência FAPESP - Há décadas, cientistas como Célia Regina da Silva Garcia, do Departamento de Fisiologia Celular do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo, tentam entender a interação do Plasmodium vivax com as células humanas, o processo bioquímico que acaba provocando a malária. Desde 1996, descobertas importantes, também feitas no laboratório da USP, indicavam que a elucidação completa dessa relação parasitária estava prestes a ocorrer.

Apesar de todos os avanços, conforme mostrou Célia Regina em sua apresentação na reunião anual da Sociedade Brasileira de Bioquímica e Biologia Molecular, que terminou nesta terça-feira (18/5), em Caxambu (MG), o esquema disponível atualmente para mostrar como o plasmódio se comunica com a célula humana não está mais tão seguro como estava até há pouco.

"O que podemos afirmar é que a complexidade é maior do que se sabia. Até o ano passado, nas minhas apresentações, eu mostrava ao público o esquema de sinalização com muito mais segurança do que faço agora", disse a pesquisadora à Agência FAPESP. Certo mesmo, do ponto de vista molecular, é que a melatonina e o balanço de cálcio entre o interior e o exterior das células do hospedeiro apresentam um papel fundamental no processo que vai resultar lá na frente na infecção. Mas apenas isso não é suficiente para explicar tudo o que ocorre.

Uma das dúvidas que os cientistas tentarão explicar nos próximos meses está relacionada com a relativa auto-suficiência que o parasita parece ter quando sai da célula humana onde se reproduz e invade outras áreas. "Além disso, também é importante estudar os receptores que existem nas próprias células do hospedeiro e que estão envolvidos nessa relação", explica Célia Regina.

No esquema de sinalização também desenvolvido na USP – outros grupos em outros países também trabalham na questão – está claro, por exemplo, que o parasita consegue subverter o sistema endocrinológico do hospedeiro e usar a melatonina a seu favor. Ele acaba funcionando como um seqüestrador.

Os cientistas conhecem bastante do sinal e de outro fenômeno descoberto há mais tempo, que não pode ser desconsiderado: os parasitas que causam a malária atuam dentro de um ciclo, que dura 48 horas. Na malária humana, bilhões de parasitas agem no interior das células humanas em sincronia.

"Existe esse ritmo. A sinalização está presente, mas não sabemos com certeza todas as relações que fazem que esse processo ocorra. Todos os parasitas, por exemplo, se dividem ao mesmo tempo", disse Célia Regina.


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