Depois de estudar letras de baladas românticas e a imprensa popular dos anos 1600, historiadora descobre que o duque de Monmouth, filho ilegítimo de Carlos II, era o grande astro britânico daqueles tempos
Depois de estudar letras de baladas românticas e a imprensa popular dos anos 1600, historiadora descobre que o duque de Monmouth, filho ilegítimo de Carlos II, era o grande astro britânico daqueles tempos
"Enquanto hoje são os jogadores de futebol que ganham os corações dos jovens, no século 17 eram os políticos que capitalizavam as atenções", afirma a historiadora Angela McShane-Jones, da Universidade de Warwick, em comunicado da instituição. A pesquisadora acaba de finalizar um estudo histórico sobre o duque de Monmouth, o grande astro da Inglaterra na época. O trabalho será publicado em forma de livro ainda este ano.
O herói inglês na época, conforme mostrou a análise de baladas românticas e da imprensa popular, era repleto de virtudes. O estudo revelou que o filho ilegítimo de Carlos II era louvado pela beleza e por suas conquistas militares. Como se isso não fosse suficiente, o duque empregava sua fortuna em obras assistenciais a favor da Igreja e do Estado.
"O duque foi um líder da oposição protestante à ascensão ao trono de seu tio Jaime II, sabidamente católico. As baladas em sua homenagem tinham um forte sentido político. Eram o modo pelo qual uma sociedade protestante, cento e cinquenta anos após a ruptura com a Igreja Romana, manifestava sua oposição à ascensão ao trono de um católico romano", contou o estudioso do período Renato Janine Ribeiro, professor titular de Ética e Filosofia Política do Departamento de Filosofia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo.
Segundo Angela McShane-Jones, as pesquisas sobre James Scot, como se chamava o nobre, são importantes também para a atualidade. "O desinteresse da juventude em políticos e na política é muito grande hoje, ao contrário do que ocorria naquela época, e essa grande mudança pode servir de alerta", disse.
O estudo feito na Universidade de Warwick também detectou o período em que as letras das baladas românticas eram feitas para exaltar figuras públicas. A partir do século 18, segundo a análise histórica, as letras começaram a ser ofensivas e, na verdade, passaram a destruir os heróis nacionais. Um processo semelhante ocorreu na própria imprensa popular do Reino Unido.
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