Porcentagem de textos na língua inglesa nas revistas brasileiras saltou de 38% em 2007 para 52% em 2012

Número de artigos em inglês supera os publicados em português na SciELO Brasil
25 de outubro de 2013

Porcentagem de textos na língua inglesa nas revistas brasileiras saltou de 38% em 2007 para 52% em 2012

Número de artigos em inglês supera os publicados em português na SciELO Brasil

Porcentagem de textos na língua inglesa nas revistas brasileiras saltou de 38% em 2007 para 52% em 2012

25 de outubro de 2013

Porcentagem de textos na língua inglesa nas revistas brasileiras saltou de 38% em 2007 para 52% em 2012

 

Por Elton Alisson

Agência FAPESP – O número de artigos científicos publicados em inglês nos periódicos da SciELO Brasil – Scientific Electronic Library Online, um programa da FAPESP e do Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde (Bireme) – superou o total de artigos disponibilizados em português.

A SciELO Brasil conta atualmente com cerca de 270 revistas, uma coleção dos principais títulos científicos nacionais disponíveis em acesso aberto na internet.

Essa tendência de publicação de artigos científicos brasileiros em inglês se soma a uma série de esforços para aumentar a visibilidade e o impacto internacional dos artigos publicados em periódicos que integram as coleções indexadas na Rede SciELO, que ainda é baixo em comparação com as dos países desenvolvidos.

A avaliação foi feita por Abel Packer, coordenador do programa SciELO, em uma reunião de avaliação do programa realizada no dia 22 de outubro, na véspera da abertura oficial da conferência de comemoração dos 15 anos da Rede SciELO.

O evento no Hotel Intercontinental, em São Paulo, que termina no dia 25, reúne especialistas em pesquisa e comunicação científica de 25 países para debater a comunicação científica em acesso aberto e os desafios para o desenvolvimento dos periódicos científicos.

“Está ocorrendo um fenômeno impressionante no Brasil: a publicação cada vez maior de artigos científicos em inglês nas revistas nacionais”, disse Packer. “Nos últimos três anos, temos acompanhado um aumento e, em 2012, eles corresponderam a mais da metade dos artigos publicados.”

De acordo com dados do último relatório da Rede SciELO, o número de artigos científicos publicados em inglês em revistas brasileiras integrantes da SciELO Brasil saltou de 38% em 2007 para 52% em 2012. Além disso, também aumentou a publicação de artigos bilíngues (em português e inglês).

Do total de artigos publicados nas revistas brasileiras na SciELO Brasil, 16% estão disponibilizados, simultaneamente, em português e inglês, contou o coordenador do programa. Cerca de 36% dos artigos das revistas brasileiras da área da Saúde – que tem o maior número de publicações, seguida pelas Ciências Humanas, e foi a área que mais adotou a estratégia de publicação bilíngue – estão em português e inglês.

“O aumento no número de artigos publicados em inglês ou em português e inglês é resultado de um esforço muito grande e custoso das sociedades científicas, dos editores e das próprias publicações”, disse Packer.

“Esse esforço deve continuar para sermos competitivos na publicação dos resultados das nossas pesquisas e não nos relegarmos à condição de que fazemos somente ciência em nível nacional”, avaliou.

Linhas de ação

Segundo Packer, a publicação de artigos em inglês tanto nas revistas brasileiras como nas da África do Sul e de outros 14 países ibero-americanos indexadas na Rede SciELO é um componente fundamental para aumentar a visibilidade, a qualidade, o uso e o impacto dos periódicos e para promover a internacionalização das coleções.

Apesar de, em conjunto, as 16 coleções da SciELO ocuparem o primeiro lugar no ranking dos portais de acesso aberto feito pela Webometrics e acumularem, em 15 anos, mais de 400 mil artigos – que em 2012 registraram uma média diária de mais de 1,5 milhão de acessos e downloads –, o desempenho dos mil periódicos indexados na Rede ainda é baixo em comparação com o dos países mais ricos.

Aproximadamente 90% dos periódicos da SciELO presentes nos índices de referência internacional, como o Journal Citation Reports (JCR), calculado a partir da Web of Science, e o Scimago Journal Ranking, estimado com base na Scopus, têm fator de impacto abaixo da média em suas respectivas áreas temáticas.

“Ainda persistem muitos problemas que afetam o desempenho das coleções de periódicos da Rede SciELO”, disse Packer na cerimônia de abertura do evento.

Alguns dos fatores que influenciam o baixo desempenho de coleções e de boa parte dos periódicos, de acordo com especialistas presentes na conferência, são a qualidade e a relevância internacional das pesquisas publicadas, além do idioma de publicação e a baixa quantidade de artigos publicados em colaboração com pesquisadores estrangeiros.

Em geral, os periódicos científicos das coleções dos 16 países da Rede SciELO continuam operando com processos editoriais que requerem maior grau de profissionalismo e de inserção internacional, além de modelos de financiamento mais estáveis, uma vez que a maioria depende de apoio governamental.

Ainda é frequente, por exemplo, o atraso na publicação de artigos nas revistas indexadas.

“A melhora da qualidade dos periódicos indexados na SciELO passa, necessariamente, por um sistema de revisão por pares mais rigoroso, pelo uso de serviços de edição e publicação com tecnologias de ponta e pela incorporação de programas de disseminação avançados, que incluam o uso das redes sociais”, disse Packer.

A fim de superar esses problemas e aumentar a visibilidade das coleções, os países integrantes da Rede SciELO adotaram um conjunto de linha de ações já implementado pela SciELO Brasil nos últimos dois anos.

Resultado de um estudo realizado pela SciELO Brasil e pela Associação Brasileira de Editores Científicos (Abec), o conjunto de ações deverá ser executado até o fim de 2016.

Entre as linhas de ação estabelecidas estão instituir indicadores padronizados de seguimento da qualidade dos periódicos e das coleções nacionais; profissionalizar e internacionalizar as funções, processos e conteúdos editoriais; e instituir ações de disseminação e marketing.

“A ideia é criar e implementar uma estratégia de publicação por meio da qual as publicações indexadas na SciELO sejam integradas, ativas e sustentáveis e formem um grupo internacional de coleções”, disse Packer.

Apoio da FAPESP

Em seu pronunciamento na abertura oficial do evento, Packer agradeceu o financiamento da FAPESP à Rede SciELO desde que foi lançada, em 1998, e que garante cerca de 90% da operação do portal brasileiro.

Por sua vez, Celso Lafer, presidente da FAPESP, disse que a Fundação tem muita satisfação em ser financiadora de uma atividade tão importante como a desempenhada pela Rede SciELO.

“A FAPESP tem tido uma preocupação crescente nos últimos anos com a internacionalização da ciência brasileira, com base na percepção de que o conhecimento gerado hoje no mundo tem uma dimensão transnacional”, disse.

“Nesse sentido, a publicação de coleções nacionais dos países ibero-americanos e da África do Sul que integram a SciELO, com grande abrangência de temas, é uma oportunidade de projetar no mundo o conhecimento gerado nesses países e, com isso, ampliar a colaboração científica”, disse Lafer.

O diretor científico da FAPESP, Carlos Henrique de Brito Cruz, destacou que a SciELO tem dado uma grande contribuição para que a Fundação possa atingir seu principal objetivo – promover o desenvolvimento científico e tecnológico do Estado de São Paulo –, não só por meio da divulgação de resultados científicos, mas também porque traz ideias novas.

“Quando foi apresentada à FAPESP em 1997 a ideia de construir a Rede SciELO, poucas pessoas no mundo falavam sobre acesso aberto a resultados de pesquisas científicas”, disse. “A ideia de criação da SciELO foi muito avançada.”

Durante o evento, Brito Cruz fez uma apresentação sobre as ações de comunicação científica realizadas pela FAPESP, tais como a própria SciELO e, mais recentemente, a implementação de uma política que determina que os pesquisadores que tiveram projetos financiados pela Fundação publiquem os resultados em acesso aberto tão logo vença o período de embargo das revistas científicas nas quais foram publicados.

“Também estamos discutindo uma estratégia para aumentar a visibilidade e o impacto das revistas científicas publicadas a partir do – e não no – Brasil”, contou Brito Cruz, referindo-se à necessidade de as revistas brasileiras se afirmarem como publicações internacionais.

A base SciELO foi lançada em 1998 pela FAPESP em cooperação técnica com o Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde (Bireme/Opas/OMS). Desde 2002, o projeto também é apoiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e tem sua infraestrutura institucional estabelecida na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Especialmente concebido para atender às necessidades da comunidade científica nos países em desenvolvimento, em particular na América Latina e nos países do Caribe, o modelo da SciELO compreende controle de qualidade e instrumentos para medir a frequência de uso e o impacto dos periódicos que publica.
 

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