Diretora da National Science Foundation fala sobre os desafios da agência, cujo orçamento aumentou para US$ 7,7 bilhões mas ainda é insuficiente para financiar todas as propostas de alto nível que recebe (foto: Heitor Shimizu)

NSF deixa de apoiar US$ 4 bilhões em boas pesquisas a cada ano
04 de maio de 2015

Diretora da National Science Foundation fala sobre os desafios da agência, cujo orçamento aumentou para US$ 7,7 bilhões mas ainda é insuficiente para financiar todas as propostas de alto nível que recebe

NSF deixa de apoiar US$ 4 bilhões em boas pesquisas a cada ano

Diretora da National Science Foundation fala sobre os desafios da agência, cujo orçamento aumentou para US$ 7,7 bilhões mas ainda é insuficiente para financiar todas as propostas de alto nível que recebe

04 de maio de 2015

Diretora da National Science Foundation fala sobre os desafios da agência, cujo orçamento aumentou para US$ 7,7 bilhões mas ainda é insuficiente para financiar todas as propostas de alto nível que recebe (foto: Heitor Shimizu)

 

Por Heitor Shimizu, de Washington | Agência FAPESPUm orçamento anual de US$ 7,7 bilhões para uma agência que financia pesquisa científica parece bastante – o da FAPESP, por exemplo, é pelo menos 15 vezes menor. Mas para a National Science Foundation, a principal agência de fomento à pesquisa básica nos Estados Unidos, não é o suficiente.

“Temos deixado de aprovar cerca de US$ 4 bilhões em boas propostas de pesquisa a cada ano – e o número de propostas sempre aumenta. Com isso, estamos perdendo não apenas descobertas como descobridores. O fato é que nosso orçamento não tem acompanhado as nossas necessidades”, disse France Córdova, diretora da NSF, no Fórum sobre Políticas em Ciência e Tecnologia da American Association for the Advancement of Science (AAAS), realizado em Washington nos dias 30 de abril e 1o de maio de 2015.

O encontro, realizado há 40 anos com o objetivo de debater o presente e o futuro das políticas em ciência e tecnologia, reuniu na capital dos Estados Unidos um público formado principalmente por cientistas e representantes de universidades, instituições de pesquisa e de agências governamentais que financiam ou realizam pesquisas.

Além de Córdova, o fórum teve palestrantes como John Holdren, assessor do presidente Barack Obama para Ciência e Tecnologia, e Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da FAPESP.

A astrofísica Córdova é presidente emérita da Purdue Univesity, que liderou de 2007 a 2012. Antes, presidiu a University of California, Riverside, e foi cientista chefe da agência espacial Nasa.

É importante notar que os US$ 4 bilhões destacados por Córdova se referem a propostas que atendem aos critérios da análise promovida pela agência. “São propostas avaliadas em níveis ‘muito alto’ e ‘excelente’, mas que acabam rejeitadas por conta de limitações orçamentárias”, disse.

O resultado é um processo brutalmente seletivo, no qual apenas as melhores das melhores propostas serão selecionadas. Com isso, a agência, que já financiou as pesquisas de 240 ganhadores do prêmio Nobel, tem deixado de apoiar milhares de projetos que poderiam trazer importantes resultados para a ciência e para a sociedade, apontou Córdova.

Isso tudo com a melhoria do cenário em relação a anos anteriores. A proposta orçamentária para o ano fiscal de 2016 da NSF é de US$ 7,7 bilhões, o que representa um aumento de US$ 379 milhões (5,2%) sobre o do ano fiscal anterior.

O valor integra a proposta do orçamento federal apresentado pelo presidente Barack Obama em fevereiro e que vigorará de 1o de outubro de 2015 a 30 de setembro de 2016 – os valores poderão ser modificados pelo Congresso.

“Isso reflete um forte comprometimento da administração atual em apoiar amplamente a ciência e apoiar as pessoas que mantêm o empreendimento científico de nosso país na fronteira do conhecimento e das descobertas”, disse.

Segundo Córdova, com o orçamento para o ano fiscal de 2016, a NSF espera financiar o trabalho de aproximadamente 356 mil pesquisadores, pós-doutorandos, professores e estudantes. A agência pretende avaliar mais de 51,7 mil propostas de pesquisa e aprovar mais de 12 mil para cerca de 1,8 mil universidades e outras instituições de pesquisa no país.

“O orçamento anual da NSF representa 25% do total do orçamento federal para a pesquisa básica conduzida em universidades e faculdades nos Estados Unidos e essa parcela aumenta para 60% quando excluímos a pesquisa médica apoiada pelos National Institutes of Health”, disse.

“A pesquisa científica é o fundamento do crescimento econômico, o caminho para a sustentabilidade em energia, agricultura e meio-ambiente e representa a fundação de avanços na medicina e as sementes da próxima revolução tecnológica”, disse Córdova.

“A continuidade dos principais programas da NSF é essencial para o progresso da ciência. O amplo e único escopo da NSF permite que sejamos capazes de integrar as ciências naturais e as engenharias com as ciências sociais, comportamentais e econômicas de modo a poder lidar com as complexas mudanças na sociedade atual”, disse.
 

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