Neurônio normal e com degeneração provocadas pela esclerose lateral amiotrófica (dir), doença sobre a qual grupo da USP pretende estudar uso de cálulas-tronco (ilust.: Un. Columbia)

Novos caminhos para as células-tronco
02 de dezembro de 2004

Em congresso no Rio de Janeiro, Julio Voltarelli, da USP de Ribeirão Preto, fala sobre novas perspectivas do uso de células-tronco no tratamento de doenças como asma e esclerose lateral amiotrófica

Novos caminhos para as células-tronco

Em congresso no Rio de Janeiro, Julio Voltarelli, da USP de Ribeirão Preto, fala sobre novas perspectivas do uso de células-tronco no tratamento de doenças como asma e esclerose lateral amiotrófica

02 de dezembro de 2004

Neurônio normal e com degeneração provocadas pela esclerose lateral amiotrófica (dir), doença sobre a qual grupo da USP pretende estudar uso de cálulas-tronco (ilust.: Un. Columbia)

 

Por Washington Castilhos, do Rio de Janeiro


Agência FAPESP - Novas perspectivas terapêuticas no tratamento de doenças usando células-tronco foram apresentadas na quarta-feira (1º/12), primeiro dia do Congresso de Células-Tronco e Terapia Celular, no Rio de Janeiro.

Além de mostrar resultados de pesquisas com transplante de células-tronco hematopoéticas no diabetes do tipo 1 e outras doenças auto-imunes, Julio Voltarelli, professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo, falou sobre a possibilidade de tratamento e cura da asma e da esclerose lateral amiotrófica (ELA) – doença incurável que se caracteriza pela degeneração progressiva dos neurônios motores no cérebro e na medula espinhal.

"Existem evidências teóricas que nos dizem que a terapia com células-tronco pode funcionar no caso da asma. Quanto à ELA, estamos dando entrada amanhã (2/12) na comissão de ética (da USP) e pretendemos começar os testes em 2005", revelou o pesquisador durante a apresentação "Terapia de células-tronco em doenças auto-imunes".

A esclerose lateral amiotrófica é uma doença inflamatória e degenerativa que tem incidência de dois a três indivíduos em cada cem mil. Os pacientes têm sobrevida média de apenas três anos e o índice de morte é de 100% dos casos.

Assim como a pólio, a doença destrói o neurônio motor. No caso, os procedimentos são diferentes dos usados no transplante de células-tronco hematopoéticas para o diabetes, cujas células são retiradas do sangue. Para a ELA, as células-mestras são aspiradas diretamente da medula. "Achamos que, assim, ela provavelmente terá uma maior facilidade em se diferenciar para neurônios", explica Voltarelli.

Ainda no primeiro dia do congresso no Rio de Janeiro, Nicole Lê Douarin, do Institut de France e do Instituto de Embriologia do Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS), da França, apresentou uma sessão sobre o uso de células-tronco animais na regeneração celular e no reparo de tecidos. Outra francesa, Anne Fagot-Largeaut, do College de France, falou sobre as discussões filosóficas e antropológicas da terapia celular e do uso de células-tronco embrionárias humanas.

O Congresso de Células-Tronco e Terapia Celular, realizado dentro da Cátedra Unesco/UFRJ de Biologia do Desenvolvimento, no campus da Universidade Federal do Rio de Janeiro, termina na sexta-feira. O evento é organizado pelos departamentos de Anatomia e Histologia e Embriologia, da UFRJ, com apoio do CNPq, Capes, Academia Brasileira de Ciências, Fundação José Bonifácio, Faperj, Ministère des Affaires Étrangéres e Institut-de-France.


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