FAPESP lança Programa CInAPCe, para apoiar projetos de pesquisas em neurociências. A cooperação entre os grupos será por rede, com a criação do Instituto Virtual de Neurociências
FAPESP lança Programa CInAPCe, para apoiar projetos de pesquisas em neurociências. A cooperação entre os grupos será por rede, com a criação do Instituto Virtual de Neurociências
"Trata-se de um programa inovador, multidisciplinar e multiinstitucional em seu desenho, que permitirá a pesquisadores de diferentes áreas e domínios se reunirem em torno de um objetivo comum: a aplicação de novas tecnologias para o desenvolvimento desse campo tão fantástico que é a neurociência", disse Carlos Vogt, presidente da FAPESP.
A exemplo do modelo utilizado nos programas Genoma e Biota, também da FAPESP, o CInAPCe prevê a formação de uma rede de cooperação entre diversos grupos de pesquisa do Estado, o Instituto Virtual de Neurociências, que estará dedicado ao estudo do sistema nervoso.
A iniciativa para a criação do programa partiu de lideranças científicas do Estado na área de neurociências, que trabalharam ao longo de quatro anos no datalhamento da proposta. Esta foi analisada por um comissão internacional de especialistas e, posteriormente, aprovada pela FAPESP.
Inicialmente o programa irá apoiar projetos de pesquisa que enfoquem o estudo da epilepsia a partir de sistemas de ressonância magnética. "O CInAPCe pretende desenvolver novos métodos e técnicas que permitam avançar no entendimento dos mecanismos básicos que levam à epilepsia, visando aprimorar a diagnose, prevenção e tratamento de desordens epilépticas", explica José Fernando Perez, diretor científico da FAPESP.
Infra-estrutura adequada
A escolha da epilepsia como foco da primeira fase do novo programa se deve à importância da doença como problema médico, à atualidade científica e à existência de um número expressivo de diferentes grupos de pesquisa com competência na área.
"Temos uma competência importante nessa área, espalhada por todo o Estado de São Paulo, tanto do lado da pesquisa básica como do lado clínico", explica Luiz Eugênio Mello, professor do Departamento de Fisiologia da Universidade Federal de São Paulo e coordenador adjunto da FAPESP.
Grupos paulistas que investigam os mecanismos básicos que levam à epilepsia e às desordens a ela associados podem ser encontrados nas três universidades estaduais – Universidade de São Paulo, Universidade Estadual de Campinas e Universidade Estadual Paulista – e também nas federais de São Carlos (UFSCar) e de São Paulo (Unifesp).
Também foi definido que apenas uma única tecnologia será enfocada. "A escolha da ressonância magnética de alto campo, aliada ao estudo de uma única questão biológica, a epilepsia, dará ao grupo a coesão necessária para esse momento inicial", explica Mello.
Outro ponto fundamental do programa é a implantação de infra-estrutura adequada para a pesquisa. O primeiro equipamento de ressonância magnética da América Latina foi instalado em 1986 no Hospital Albert Einstein, em São Paulo. Hoje, o Estado conta com mais de uma dezena de equipamentos de 1,5 tesla (medida de indução magnética e de densidade de fluxo magnético), mas nenhum de 3 tesla – os mais avançados atualmente. O Programa CInAPCe prevê a aquisição dessas máquinas, que serão operadas em rede. A construção de equipamentos com capacidade ainda mais elevada também está prevista.
Segundo o desenho imaginado para o CInAPCe, nas próximas fases do programa novas doenças, como o mal de Alzheimer e a esquizofrenia, deverão ser enfocadas. Também serão aplicadas novas tecnologias, como a eletroencefalografia magnética e a tomografia por emissão de pósitron. "A partir da formação da rede virtual, deverá haver um processo de fluxo contínuo, como ocorre hoje com o Programa Biota", disse Mello.
A exemplo de programas anteriores de natureza semelhante – Biota, Genoma, Tidia, Sihesp – será lançado um edital convidando toda a comunidade científica, não apenas aqueles que tiveram uma participação mais ativa na elaboração da proposta, a apresentar projetos de pesquisa atendendo aos objetivos do programa que serão avaliados por assessores internacionais com competência específica. "Essa assessoria internacional definirá também a natureza da participação de cada grupo com a utilização dos critérios usuais de avaliação", explica Perez.
Os centros de pesquisa interessados em participar do programa terão até o dia 2 de novembro para apresentar suas propostas. Os laboratórios associados terão até 17 de novembro.
Mais informações e formulários necessários para a submissão de propostas estão disponíveis no site da FAPESP, no endereço www.fapesp.br/cinapce.
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