FMUSP inaugura primeiro laboratório de genômica pediátrica de uma universidade brasileira. Instalações serão usadas para o estudo de doenças como asma brônquica e obesidade (foto: T. Romero)
FMUSP inaugura primeiro laboratório de genômica pediátrica de uma universidade brasileira. Instalações serão usadas para o estudo de doenças como asma brônquica e obesidade, além de auxiliar projeto que pretende oferecer condições para que crianças de hoje vivam 100 anos ou mais
FMUSP inaugura primeiro laboratório de genômica pediátrica de uma universidade brasileira. Instalações serão usadas para o estudo de doenças como asma brônquica e obesidade, além de auxiliar projeto que pretende oferecer condições para que crianças de hoje vivam 100 anos ou mais
FMUSP inaugura primeiro laboratório de genômica pediátrica de uma universidade brasileira. Instalações serão usadas para o estudo de doenças como asma brônquica e obesidade (foto: T. Romero)
Agência FAPESP – O Laboratório de Genômica Pediátrica, que funcionará no prédio da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), na capital paulista, foi inaugurado na manhã de quinta-feira (26/6) com cerimônia de descerramento de placa que contou com a presença de diretores, professores e alunos da instituição.
Além de ser utilizado para o ensino e pesquisa no campo da pediatria, os estudos no laboratório deverão trazer novos fundamentos para a assistência realizada no Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da FMUSP às chamadas doenças pediátricas complexas, tais como asma brônquica, lúpus e obesidade.
"Esse é o primeiro laboratório de genômica instalado em um departamento de pediatria de uma universidade brasileira", disse a professora Magda Carneiro-Sampaio, professora titular do Departamento de Pediatria da FMUSP e uma das coordenadoras do novo laboratório, à Agência FAPESP.
"As doenças complexas são caracterizadas por terem vários genes que influenciam sua origem e desenvolvimento. Além disso, são doenças que têm forte interação com fatores externos, com o ambiente. No laboratório serão estudados marcadores genéticos estruturais e funcionais que possam levar à identificação precoce de crianças com maior risco para essas doenças", explicou.
Para a professora Sandra Grisi, chefe do Departamento de Pediatria da FMUSP, o novo laboratório permitirá que a medicina mude do terreno das infecções para o terreno da genética e da genômica. "Os estudos contribuirão para a formação dos médicos do futuro e da pediatria que queremos desenvolver no século 21", disse.
O laboratório também será usado pela equipe do Instituto da Criança do HC que conduz o projeto "Uma nova pediatria para crianças que vão viver 100 anos ou mais", que acompanha, desde a gestação, centenas de crianças com o objetivo de preparar uma geração com mais qualidade de vida.
A partir do levantamento de informações sobre o histórico familiar e sobre as condições de saúde de cada criança, além do estudo de características genéticas e sociais, o objetivo do projeto é oferecer condições para que elas possam viver o máximo possível seguindo a tendência futura de uma maior expectativa de vida.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em pouco mais de quatro décadas a expectativa de vida no Brasil será de cerca de 81 anos, dez a mais do que a atual.
O projeto acompanha a evolução dos indivíduos na infância e na adolescência para, entre outras coisas, prevenir eventuais doenças que a criança possa desenvolver na fase adulta e que tenham sido originadas nos primeiros anos de vida ou até mesmo na fase fetal.
"As pesquisas no laboratório permitirão compreender melhor a origem das doenças e da saúde, de modo que o conhecimento produzido seja utilizado para estabelecermos novas ações e projetos que promovam a qualidade de vida dessas crianças", apontou Sandra.
Terapias individualizadas
As instalações físicas do laboratório são formadas basicamente por equipamentos de bioinformática como scanners laser de alta resolução e rendimento para leitura de lâminas de microarrays – conhecidos popularmente como chips de DNA –, além de outros materiais para isolamento, purificação, quantificação e análise de ácidos nucléicos.
"Hoje, em uma pequena lâmina de microscópio é possível ter todo o genoma humano representado. Sabendo a expressão gênica, em tempo real conseguimos ver os genes em ação em diferentes tecidos e órgãos para medir, por exemplo, a resposta de uma determinada droga a agentes ambientais, além de saber quais genes são mais ou menos expressos em um tumor", disse Carlos Alberto Moreira-Filho, professor do Departamento de Pediatria da FMUSP, que também coordenará as atividades do laboratório. Segundo o professor, uma das aplicações mais importantes desse tipo de técnica é a individualização das terapias.
"Conforme o perfil de expressão gênica de um tumor, o que nós chamamos de assinatura molecular, é possível saber se ele responde ou não a uma terapia antes de o paciente ser submetido a ela. Isso permite dar o remédio certo e na hora certa para determinado paciente", explicou.
"Além da oncologia, que foi pioneira nessa área, atualmente em pediatria podemos aplicar essas técnicas para identificar pacientes com riscos de desenvolver doenças auto-imunes e distúrbios de comportamento", disse Moreira-Filho.
Os equipamentos do Laboratório de Genômica Pediátrica foram financiados pela FAPESP.
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