Pesquisa com sêmen de piracanjuba (Brycon orbignyanus), ameaçado de extinção, contribui para o restabelecimento do peixe no Alto Rio Grande, em Minas Gerais
Pesquisa com sêmen de piracanjuba (Brycon orbignyanus), ameaçado de extinção, contribui para o restabelecimento do peixe no Alto Rio Grande, em Minas Gerais
Agência FAPESP - Ameaçado de extinção, o peixe Brycon orbignyanus, conhecido popularmente como piracanjuba, tem despertado o interesse de pesquisadores que tentam reverter o quadro crítico em que a espécie se encontra em alguns rios brasileiros.
Em Minas Gerais, uma parceria entre a Universidade Federal de Lavras (UFLA) e a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) está possibilitando pesquisas para o repovoamento do Alto Rio Grande com piracanjubas, principalmente na região de Itutinga, no sul do Estado.
Essa é a preocupação do estudo que resultou no artigo Sperm cryopreservation of a brazilian teleost fish piracanjuba (Brycon orbignyanus) extenders and cryoprotectors, que será apresentado no IV International Congress on the Biology of Fish, em Manaus, em agosto.
Coordenada pela professora Ana Viveiros, do Departamento de Zoologia da UFLA, a pesquisa trabalhou com a criopreservação de sêmen de piracanjuba que, além do congelamento, tem o objetivo de desenvolver técnicas que o mantenham apto para reprodução quando descongelado. O processo consiste em diluir o sêmen, acrescentar um crioprotetor e conservá-lo em temperatura constante até ser descongelado, na época da piracema.
"Os resultados têm sido positivos, estamos conseguindo manter o sêmen móvel e ativo", disse Ana Viveiros à Agência FAPESP. Segundo a pesquisadora, a expectativa é conseguir uma taxa de fertilização igual à do sêmen fresco, de 85% a 90%, índice superior ao encontrado na natureza . "Na próxima piracema, prevista para ocorrer entre novembro e dezembro, vamos testar o sêmen congelado quanto à capacidade de fertilização de ovos", disse.
Segundo Gilson Antonio Azarias, técnico agrícola da Unidade Ambiental de Itutinga – centro de pesquisas da Cemig que investiga o impacto da implantação de uma hidrelétrica nas comunidades aquáticas –, a empresa tem oito fêmeas e cerca de 50 machos de piracanjuba esperando para a reprodução em cativeiro. A preservação também é feita com outras espécies nativas da bacia do Rio Grande, como o dourado, o piapara e o curimbá.
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