Novo ciclo natural do hidrogênio
25 de agosto de 2003

Pesquisa mostra que a maioria do elemento liberado por intermédio de reações químicas na estratosfera acaba sendo fixado no solo terrestre. Descoberta é importante para analisar potenciais danos ao meio ambiente que possam ser provocados pelo emprego comercial do hidrogênio como combustível

Novo ciclo natural do hidrogênio

Pesquisa mostra que a maioria do elemento liberado por intermédio de reações químicas na estratosfera acaba sendo fixado no solo terrestre. Descoberta é importante para analisar potenciais danos ao meio ambiente que possam ser provocados pelo emprego comercial do hidrogênio como combustível

25 de agosto de 2003

 

Agência FAPESP - O estudo do hidrogênio, elemento químico que pode vir a ser usado como combústivel comercial, acaba de ter uma reviravolta. A partir de agora, para entender melhor o comportamento natural do hidrogênio, os cientistas terão que analisar com mais profundidade como ocorrem as reações químicas do elemento dentro da terra.

A conclusão que a maioria do hidrogênio eliminado desde a atmosfera vai parar no solo foi publicada na edição de 21/8 da revista Nature. O principal autor do trabalho é Thom Rahn, cientista afiliado ao Laboratório de Los Alamos, que mediu um raro isótopo do hidrogênio conhecido como deutério.

Não é novidade que o hidrogênio concentrado na atmosfera é rico em deutério, só não se sabia a causa. A descoberta sugere que uma das principais fontes naturais de hidrogênio atmosférico – a quebra do metano – é a responsável pelo aumento da presença de deutério. Dessa forma, as reações com oxidantes atmosféricos, que poderiam estar de algum modo envolvidos com a concentração do gás na atmosfera, podem ser menos importantes para o ciclo do que o processo microbial que se segue quando o hidrogênio é absorvido pelo solo como metano.

Apesar da presença abundante no solo terrestre, os cientistas trabalharam com amostras de hidrogênio coletadas na atmosfera, porque ficava mais fácil isolar e entender as reações que eles pretendiam estudar. "Parece estranho ir à estratosfera para entender o que acontece na Terra, mas foi a melhor forma de ter uma perspectiva mais ampla sobre a importância do solo para o ciclo do hidrogênio", disse John Eiler, geoquímico do Instituto de Tecnologia da Califórnia e outro dos autores do artigo.

Os pesquisadores calcularam que o solo pode ter até 80% de hidrogênio e acreditam que ele seja usado nas funções biológicas de microrganismos. Entretanto, ressaltam que os detalhes desse processo são pouco conhecidos.

Embora o hidrogênio acumulado praticamente não traga prejuízos ao meio ambiente, a questão é quanto mais do gás o solo agüentaria "consumir". Com o uso do hidrogênio num futuro sistema de transportes, o solo precisaria estar apto a purificar todo o gás resultante da conseqüente emissão feita por veículos.

"Sabe-se que as árvores absorvem dióxido de carbono mas não tudo o que é liberado pelos carros. Buscamos descobrir se os micróbios serão capazes de consumir todo o hidrogênio e de modo suficientemente rápido se a emissão dele for aumentada na atmosfera", disse Eiler.


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