Projeto da Embrapa Semi-Árido pesquisa o melhoramento genético da manga mais comercializada no país. Objetivo é obter, dentro de três anos, nova fruta com características vantajosas de diversas variedades

Novidade à vista na fruteira
03 de janeiro de 2007

Projeto da Embrapa Semi-Árido pesquisa o melhoramento genético da manga mais comercializada no país. Objetivo é obter, dentro de três anos, nova fruta com características vantajosas de diversas variedades

Novidade à vista na fruteira

Projeto da Embrapa Semi-Árido pesquisa o melhoramento genético da manga mais comercializada no país. Objetivo é obter, dentro de três anos, nova fruta com características vantajosas de diversas variedades

03 de janeiro de 2007

Projeto da Embrapa Semi-Árido pesquisa o melhoramento genético da manga mais comercializada no país. Objetivo é obter, dentro de três anos, nova fruta com características vantajosas de diversas variedades

 

Por Fábio de Castro

Agência FAPESP – A variedade tommy atkins domina o mercado brasileiro da manga por apresentar uma série de vantagens produtivas e comerciais. Entretanto, ela também apresenta desvantagens e há altos riscos econômicos envolvidos no próprio fato de o cultivo se basear em uma só variedade. Partindo desta constatação, pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) têm se dedicado há três meses a um projeto de melhoramento genético da fruta.

O projeto em curso na Embrapa Semi-Árido, em Petrolina (PE), coordenado por Francisco Pinheiro de Lima Neto, pretende preservar as boas características da tommy atkins e incorporar qualidades genéticas de outras variedades da fruta.

A tommy atkins, segundo Neto, é a variedade preferida por ser resistente a doenças como antracnose (doença comum em mangueiras, causada pelo fungo Colletotrichum gloeosporioides) e por ter grande tolerância ao transporte e à deterioração nas prateleiras – ao contrário das variedades espada e rosa, extremamente perecíveis.

"Mas, em compensação, ela tem níveis mais baixos de açúcares – prejudicando o sabor – e é suscetível a um distúrbio fisiológico conhecido como malformação floral, que causa colapso da polpa", disse Neto à Agência FAPESP.

Segundo dados da Embrapa Semi-Árido, no submédio São Francisco são colhidos mais de 90% da manga exportada pelo Brasil. A tommy atkins está em 95% dos 40 mil hectares cultivados.

"Todo cultivo baseado em um só genótipo apresenta riscos inerentes. A variedade fica muito vulnerável, por exemplo, ao aparecimento de pragas. Como quase toda a produção é genéticamente idêntica, uma única doença pode dizimar a lavoura completamente, causando prejuízos incalculáveis", explicou Neto.

Além da suscetibilidade às pragas, a predominância absoluta de uma variedade causa problemas econômicos. "Como todos cultivam a mesma variedade, na época de safra o valor fica irrisório. Temos verificado, aqui no Vale do São Francisco, um declínio vertiginoso do preço da tommy atkins", afirmou.

Segundo o pesquisador, o projeto começou em setembro e terá duração de três anos. Foram instalados dois campos experimentais com cerca de 2 mil plantas resultantes de cruzamentos entre a tommy atkins e outras variedades, como kent, palmer, haden e espada. "Queremos tentar desenvolver uma variedade de mangueira que consiga associar as características da tommy atkins, já aceitas e consagradas no mercado, às de outras variedades", disse Neto


Métodos tradicionais de melhoramento

Francisco Pinheiro de Lima Neto explica que os estudos se baseiam em melhoramento genético por métodos tradicionais: cruzamento, variação dos genótipos e seleção. "Não há transgenia envolvida. Utilizamos técnicas como marcadores moleculares – importantes para detectar porções de DNA associadas a características desejáveis –, mas não transferimos genes de outras espécies", disse o pesquisador da Embrapa.

Além dos 2 mil híbridos dos campos experimentais, a Embrapa tem em avaliação mais mil em telado (tipo de viveiro), que serão em breve levados ao campo. "Estamos aguardando apenas a aquisição do sistema de irrigação", contou Neto.

O programa conta com participação do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), além de outras três unidades da Embrapa: Cerrados (em Brasília), Meio-Norte (em Teresina) e Mandioca e Fruticultura (em Cruz das Almas, na Bahia). Segundo Neto, há cerca de 40 pesquisadores envolvidos, em áreas como melhoramento genético, fisiologia, pós-colheita, economia e micropropagação.

A produção brasileira de manga está em crescimento, segundo dados da Embrapa Semi-Árido. O país é o nono produtor mundial, responsável por 3,4% da oferta. De acordo com dados da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), o Brasil é o segundo exportador, com mais de 67 mil toneladas anuais, atrás apenas do México. O mercado mundial de manga movimenta cerca de US$ 400 milhões por ano.


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