Trypanosoma cruzi na corrente sangüínea foto: Rubem Figueiredo

Nova perspectiva terapêutica
08 de março de 2006

Pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz identificam compostos em plantas nativas do Brasil que podem ser úteis para a formulação de medicamento para a doença de Chagas

Nova perspectiva terapêutica

Pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz identificam compostos em plantas nativas do Brasil que podem ser úteis para a formulação de medicamento para a doença de Chagas

08 de março de 2006

Trypanosoma cruzi na corrente sangüínea foto: Rubem Figueiredo

 

Por Thiago Romero

Agência FAPESP - Compostos de plantas brasileiras têm se mostrado eficientes no combate ao Trypanosoma cruzi, protozoário causador da doença de Chagas. É o que revela trabalho de pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro.

A novidade vem do setor de Quimioterapia Experimental, do Laboratório de Ultra-Estrutura e Biologia Celular do IOC, onde foram testados três compostos extraídos das naftoquinonas, extratos derivados de plantas das famílias bignoniáceas e verbenáceas.

"Os compostos apresentaram excelente atividade in vitro sobre o parasita, além de baixa toxicidade para células hospedeiras de mamíferos, o que pode significar um baixo efeito colateral para o indivíduo infectado", disse um dos responsáveis pelo estudo, Rubem Figueiredo Barreto, à Agência FAPESP.

O pesquisador explica que os três compostos se mostraram ativos sobre as três formas evolutivas do Trypanosoma cruzi: a epimastigota, que fica instalada no interior do barbeiro, o inseto transmissor do parasita; a tripomastigota, forma instalada na corrente sangüínea dos indivíduos infectados; e a amastigota, que fica no interior das células.

"O mais importante é que os compostos são mais ativos sobre as duas formas evolutivas presentes no hospedeiro, quando comparados à forma presente no inseto. Essa é uma grande vantagem no caso de a pesquisa futuramente gerar um novo medicamento", lembra Barreto, que acaba de concluir uma dissertação de mestrado sobre o assunto.

Na próxima fase do estudo, durante sua tese de doutorado, Barreto irá fazer testes in vivo em camundongos, para testar a eficácia dos princípios ativos. "A idéia é verificar, por exemplo, como o fígado dos animais se comporta perante esses compostos e quais serão os efeitos colaterais. Só a partir desses experimentos poderemos pensar na criação de um medicamento a ser aplicado em humanos", ressalta o pesquisador.

Segundo Barreto, outra vantagem é que as bignoniáceas (como o ipê e o jacarandá) e as verbenáceas (como a lágrima-de-cristo) são encontradas em abundância no país. Isso permite o acesso a uma grande quantidade de matéria-prima no caso da produção em larga escala de novos medicamentos.

"Os medicamentos produzidos pela indústria farmacêutica são pouco eficazes na fase crônica da doença de Chagas, que atinge atualmente cerca de 5 milhões de brasileiros. A nossa intenção é justamente encontrar compostos que sejam ativos nessa fase", conta Barreto. A doença de Chagas é endêmica no Brasil e ainda não tem cura.


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