Nova ordem para a desordem

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Agência FAPESP* –Por Thiago Romero

Agência FAPESP - O pesquisador titular do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), Constantino Tsallis, foi anunciado o ganhador do Prêmio México de Ciencia e Tecnologia de 2003. A honraria é concedida todos anos a profissionais que tenham contribuído para o desenvolvimento do conhecimento científico universal.

O prêmio – diploma, medalha e R$ 115 mil – será entregue no México pelo presidente da República Vicente Fox, em cerimônia ainda sem data definida. A distinção é considerada pelo meio científico uma das mais importantes da América Latina. A indicação de Tsallis foi feita por João dos Anjos, diretor do CBPF.
 
Desde que a premiação foi instituída, em 1990, apenas três físicos foram contemplados. Todos são brasileiros e pertencem ao quadro de pesquisadores do CBPF. Além de Tsallis, também ganharam Juan Jose Giambiagi e José Leite Lopes. 

O trabalho escolhido para a premiação pelos mexicanos é desenvolvido por Tsallis desde 1998. O brasileiro inventou uma nova equação matemática para calcular casos complexos de entropia, função que mede a desordem de um sistema. 

"A mecânica estatística que se estuda em todas as universidades do mundo é a criada pelo austríaco Ludwig Boltzmann (1844-1906) e pelo norte-americano Josiah Gibbs (1839-1903)", disse Tsallis à Agência FAPESP. Este método, segundo o pesquisador do CBPF, tem algumas restrições. "Não vale para todos os sistemas. Existe uma inadequação, por exemplo, para os sistemas conhecidos como complexos." 

O que Tsallis fez desde 1988 foi apresentar uma proposta para generalizar a mecânica estatística de Boltzmann e de Gibbs. "Minha intenção era poder contemplar os sistemas tradicionais e complexos", disse. Em termos práticos, a nova fórmula permite explicar como a energia mecânica de uma queda d'água, por exemplo, transforma-se em energia elétrica ou como uma locomotiva consegue se mover graças à energia gerada pela queima de carvão. O estudo tem merecido capítulos inteiros em livros de pós-graduação de físicos em todo o mundo e foi aplicado também para estudar turbulências que ocorrem durante os vôos. 

Constantino Tsallis nasceu em Atenas, em 1943. Aos quatro anos emigrou com a família da Grécia para o Brasil e, logo em seguida, para a Argentina. Depois de uma passagem pela Europa, retornou ao Brasil em 1975, naturalizando-se nove anos depois. 

Chefiou diversos departamentos no CBPF, publicou mais de 300 trabalhos, proferiu mais de 700 conferências em eventos e instituições de cerca de 35 países e ministrou cursos regulares de graduação e pós-graduação no Brasil, França, Argentina e Estados Unidos. 

É membro da Academia Brasileira de Ciências e recebeu os títulos de Distinguished Scientist of the Greek Diaspora, Cidadão Honorário do Estado do Rio de Janeiro, o Prêmio Cidade do Rio de Janeiro de Ciência e Tecnologia e o prêmio Citation Classic, do Institute for Science Information, pela publicação em física de autores brasileiros mais citada mundialmente na década de 90.

Entre os vários livros que escreveu ou editou está Nonextensive Entropy - Interdisciplinary Applications (Oxford University Press), com o célebre Murray Gell-Mann, ganhador do Prêmio Nobel de Física de 1969.

<b>Por Thiago Romero</b>
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<b>Agência FAPESP</b> - O pesquisador titular do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), Constantino Tsallis, foi anunciado o ganhador do Prêmio México de Ciencia e Tecnologia de 2003. A honraria é concedida todos anos a profissionais que tenham contribuído para o desenvolvimento do conhecimento científico universal.
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O prêmio – diploma, medalha e R$ 115 mil – será entregue no México pelo presidente da República Vicente Fox, em cerimônia ainda sem data definida. A distinção é considerada pelo meio científico uma das mais importantes da América Latina. A indicação de Tsallis foi feita por João dos Anjos, diretor do CBPF.
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Desde que a premiação foi instituída, em 1990, apenas três físicos foram contemplados. Todos são brasileiros e pertencem ao quadro de pesquisadores do CBPF. Além de Tsallis, também ganharam Juan Jose Giambiagi e José Leite Lopes. 
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O trabalho escolhido para a premiação pelos mexicanos é desenvolvido por Tsallis desde 1998. O brasileiro inventou uma nova equação matemática para calcular casos complexos de entropia, função que mede a desordem de um sistema. 
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"A mecânica estatística que se estuda em todas as universidades do mundo é a criada pelo austríaco Ludwig Boltzmann (1844-1906) e pelo norte-americano Josiah Gibbs (1839-1903)", disse Tsallis à <b>Agência FAPESP</b>. Este método, segundo o pesquisador do CBPF, tem algumas restrições. "Não vale para todos os sistemas. Existe uma inadequação, por exemplo, para os sistemas conhecidos como complexos." 
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O que Tsallis fez desde 1988 foi apresentar uma proposta para generalizar a mecânica estatística de Boltzmann e de Gibbs. "Minha intenção era poder contemplar os sistemas tradicionais e complexos", disse. Em termos práticos, a nova fórmula permite explicar como a energia mecânica de uma queda d'água, por exemplo, transforma-se em energia elétrica ou como uma locomotiva consegue se mover graças à energia gerada pela queima de carvão. O estudo tem merecido capítulos inteiros em livros de pós-graduação de físicos em todo o mundo e foi aplicado também para estudar turbulências que ocorrem durante os vôos. 
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Constantino Tsallis nasceu em Atenas, em 1943. Aos quatro anos emigrou com a família da Grécia para o Brasil e, logo em seguida, para a Argentina. Depois de uma passagem pela Europa, retornou ao Brasil em 1975, naturalizando-se nove anos depois. 
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Chefiou diversos departamentos no CBPF, publicou mais de 300 trabalhos, proferiu mais de 700 conferências em eventos e instituições de cerca de 35 países e ministrou cursos regulares de graduação e pós-graduação no Brasil, França, Argentina e Estados Unidos. 
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É membro da Academia Brasileira de Ciências e recebeu os títulos de Distinguished Scientist of the Greek Diaspora, Cidadão Honorário do Estado do Rio de Janeiro, o Prêmio Cidade do Rio de Janeiro de Ciência e Tecnologia e o prêmio Citation Classic, do Institute for Science Information, pela publicação em física de autores brasileiros mais citada mundialmente na década de 90.
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Entre os vários livros que escreveu ou editou está <i>Nonextensive Entropy - Interdisciplinary Applications</i> (Oxford University Press), com o célebre Murray Gell-Mann, ganhador do Prêmio Nobel de Física de 1969. 
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