Material foi sintetizado por pesquisadores do Centro de Inovação em Novas Energias. Grupo observou aumento na capacidade de converter luz em eletricidade e menor degradação do dispositivo (imagem: CINE/divulgação)

Nova molécula melhora eficiência e estabilidade de células solares de perovskita
17 de agosto de 2022

Material foi sintetizado por pesquisadores do Centro de Inovação em Novas Energias. Grupo observou aumento na capacidade de converter luz em eletricidade e menor degradação do dispositivo

Nova molécula melhora eficiência e estabilidade de células solares de perovskita

Material foi sintetizado por pesquisadores do Centro de Inovação em Novas Energias. Grupo observou aumento na capacidade de converter luz em eletricidade e menor degradação do dispositivo

17 de agosto de 2022

Material foi sintetizado por pesquisadores do Centro de Inovação em Novas Energias. Grupo observou aumento na capacidade de converter luz em eletricidade e menor degradação do dispositivo (imagem: CINE/divulgação)

 

Agência FAPESP* – As células solares de perovskitas híbridas – com componentes orgânicos e inorgânicos – são consideradas muito promissoras, embora ainda não estejam disponíveis comercialmente. Além de alcançar uma eficiência muito próxima da obtida por células de silício, elas são flexíveis e transparentes e podem ser produzidas em larga escala, com métodos simples e de baixo custo. Contudo, um de seus problemas principais é o fato de que a sua eficiência não se mantém ao longo do tempo.

Um estudo apoiado pela FAPESP e divulgado no periódico JACS Au aponta um possível caminho para vencer esse obstáculo.

O trabalho foi desenvolvido por pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), do Instituto de Química de São Carlos da Universidade de São Paulo (IQSC-USP) e da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), no âmbito do Centro de Inovação em Novas Energias (CINE) – um Centro de Pesquisa em Engenharia (CPE) apoiado por FAPESP e Shell.

Os autores desenvolveram e sintetizaram uma nova molécula e trataram, com esse material, a superfície de filmes compostos por uma perovskita bastante utilizada no desenvolvimento de células solares. Usando esses filmes como camada ativa, a responsável por capturar fótons e transformá-los em elétrons, o grupo montou células solares e testou o desempenho dos dispositivos, comprovando uma melhoria significativa na capacidade de converter luz em eletricidade (eficiência energética) e na manutenção dessa capacidade ao longo do tempo (estabilidade).

“A principal contribuição deste trabalho foi a descoberta de uma molécula orgânica inédita, capaz de manter a estabilidade de dispositivos solares baseados em perovskitas híbridas”, resume o professor da Unicamp Caio Costa Oliveira, coautor do artigo.

Com experiência no design e síntese de novas moléculas, o professor foi o responsável por orientar o estudante Lucas Scalon no desenvolvimento da molécula. Scalon é bolsista de doutorado da FAPESP no Instituto de Química da Unicamp.

Com essa molécula – um sal de anilínio bidentado – os pesquisadores “passivaram” a superfície dos filmes de perovskita, isto é, tornaram-na menos suscetível a interações com o meio. Mais precisamente, a presença da nova molécula gerou no material uma barreira protetora contra a umidade e neutralizou alguns defeitos que costumam surgir nas perovskitas durante a produção dos filmes. Umidade e defeitos são dois fatores que atentam contra a estabilidade desses materiais e, portanto, contra o desempenho das células solares.

De acordo com os autores do estudo, a presença da molécula orgânica permitiu aumentar de 17% para 19% a eficiência das células solares. “Parece pouco, mas alcançar esses valores é desafiador”, comenta o professor Oliveira. “Mais importante ainda é o fato de que as nossas células solares mantiveram a mesma eficiência por 90 dias, enquanto os dispositivos sem a molécula diminuíram para 16% no mesmo período.”

O artigo Improving the Stability and Efficiency of Perovskite Solar Cells by a Bidentate Anilinium Salt pode ser lido em: https://pubs.acs.org/doi/10.1021/jacsau.2c00151.

* Com informações da Assessoria de Imprensa do CINE.
 

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