Investir em bioengenharia é a alternativa sugerida por Ramon Ventura, da Universidade de Barcelona, para o desenvolvimento de métodos mais eficientes contra distúrbios do sono (foto: E.Geraque)
Investir em bioengenharia é a alternativa sugerida por Ramon Ventura, da Universidade de Barcelona, para o desenvolvimento de métodos mais eficientes contra distúrbios do sono
Investir em bioengenharia é a alternativa sugerida por Ramon Ventura, da Universidade de Barcelona, para o desenvolvimento de métodos mais eficientes contra distúrbios do sono
Investir em bioengenharia é a alternativa sugerida por Ramon Ventura, da Universidade de Barcelona, para o desenvolvimento de métodos mais eficientes contra distúrbios do sono (foto: E.Geraque)
Agência FAPESP - Mesmo sentando nas primeiras filas da palestra do professor espanhol Ramon Farré Ventura, durante a Reunião Anual da Federação de Sociedades de Biologia Experimental (Fesbe) em Águas de Lindóia (SP), algumas alunas cochilavam. Pela pouca idade e baixo peso de todas elas, o motivo do sono fora de hora poderia ser outro.
"Hoje se sabe que a principal causa de distúrbios durante o sono, como a apnéia, é a obstrução das vias aéreas superiores", explicou Ventura, pesquisador da Unidade de Biofísica e Bioengenharia da Faculdade de Medicina da Universidade de Barcelona, à Agência FAPESP.
A falta de ar na região da garganta é causada normalmente por problemas de ordem muscular. A flacidez das paredes das vias aéreas acaba não conseguindo vencer a pressão negativa provocada pelo movimento respiratório durante o sono, e pronto. A interrupção, conhecida como apnéia, ocorre.
"Claro que o desenvolvimento de uma droga para corrigir esse problema seria uma espécie de Santo Graal. A indústria farmacêutica persegue bastante isso, mas até agora todos os testes feitos mostraram poucos resultados positivos", explica o pesquisador espanhol.
Segundo Ventura, a varinha mágica até agora, que tem dado resultado em 100% dos casos, é a criação de uma pressão positiva contínua nas vias áreas respiratórias. "Isso nada mais é do que forçar uma corrente de ar na boca da pessoa com um ventilador e uma máscara durante toda a noite", diz o pesquisador.
O problema ainda não está resolvido por completo, complementa o cientista catalão. A falta de conforto causada pela máscaras durante toda a noite faz com que o paciente não faça o tratamento da forma adequada. Além disso, nos últimos cincos anos surgiram diversos aparelhos automáticos, que alteram o fluxo do ar de acordo com a necessidade respiratória, mas se mostraram totalmente ineficientes. "Testamos vários deles no nosso laboratório. Alguns nem chegam a detectar que houve uma apnéia", explica.
Como caminhos para o futuro, os desafios são muitos, seja no campo da pesquisa básica, da detecção do problema ou do tratamento dos distúrbios. "Sem dúvida, duas perguntas cruciais que devem ser respondidas dizem respeito aos mecanismos fisiopatológicos do colapso muscular e à melhora dos sitemas de pressão positiva contínua", afirma Ventura.
Pelo menos no final da palestra, as futuras cientistas, que poderão até percorrer esses caminhos do melhor entendimento dos problemas do sono, estavam novamente atentas.
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