No coração da medicina
19 de maio de 2008

Pela contribuição ao desenvolvimento de novas técnicas de cirurgia cardíaca, o brasileiro Enio Buffolo, professor da Unifesp, foi homenageado com a inscrição de seu nome no monumento a Hipócrates, na ilha grega de Kós

No coração da medicina

Pela contribuição ao desenvolvimento de novas técnicas de cirurgia cardíaca, o brasileiro Enio Buffolo, professor da Unifesp, foi homenageado com a inscrição de seu nome no monumento a Hipócrates, na ilha grega de Kós

19 de maio de 2008

 

Por Fábio de Castro

Agência FAPESP – Médicos com destaque internacional por suas contribuições foram homenageados com a inscrição de seus nomes nas pedras de mármore que sustentam o monumento a Hipócrates (460 a.C / 377 a.C), na ilha grega de Kós, onde nasceu o "pai da medicina". Um dos nome é o do cardiologista brasileiro Enio Buffolo, professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

A homenagem foi feita durante o 18º Congresso da Sociedade Mundial dos Cirurgiões Cardiotoráxicos, em Kós, no dia 29 de abril. Segundo a instituição, os nomes dos médicos homenageados "serão conservados para a eternidade, no lugar de nascimento da profissão médica".

Professor titular de cirurgia cardiovascular e chefe do Departamento de Cirurgia da Unifesp, Buffolo desenvolveu, em 1982, a técnica de revascularização do miocárdio sem circulação extracorpórea.

"A cirurgia cardíaca brasileira é muito respeitada internacionalmente. É um dos nichos de excelência da nossa ciência, como foi demonstrado recentemente em publicação da Academia Brasileira de Ciências", disse Buffolo à Agência FAPESP.

Em 1983, o médico publicou um estudo em que descrevia a técnica relacionada à revascularização direta do coração sem o emprego da circulação extracorpórea. Os resultados iniciais obtidos com 80 pacientes submetidos à cirurgia cardíaca com a nova técnica foram positivos. O destaque foi a simplicidade do procedimento, que dispensava o uso de sangue homólogo durante a operação.

Em 1996, quando o professor publicou os resultados finais de seu trabalho na revista Annals of Thoracic Surgery, o procedimento passou a ser conhecido e aplicado internacionalmente. O artigo tornou-se um dos trabalhos da literatura médica brasileira mais citados em todo o mundo.

"Durante o evento na Grécia apresentei uma conferência sobre a história e a evolução da cirurgia coronária sem circulação extracorpórea – que oferece uma alternativa pouco invasiva, por permitir que o coração seja operado sem parar de bater", disse.

Em 2007, uma análise crítica dos 23 anos de uso dessa técnica cirúrgica em 3.866 pacientes concluiu que a dispensa do emprego do coração-pulmão artificial (circuito extracorpóreo) é um importante avanço na operação de ponte de safena.

Na década de 1990, Buffolo desenvolveu, no Hospital São Paulo, da Unifesp, o tratamento dos aneurismas da aorta com endoprótese do aneurisma e da dissecção da aorta. Colaborou também no desenvolvimento de uma prótese nacional. Seu grupo tem mais de mil pacientes operados.

Formado em 1965 pela Unifesp, o médico concluiu seu doutorado em 1973 pela mesma universidade. Titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular, da Sociedade Européia de Cirurgia Cardiotoráxica e do Colégio Brasileiro dos Cirurgiões, Buffolo foi presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardíaca e da Sociedade de Cirurgia Cardíaca do Estado de São Paulo. Foi ainda vice-presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia.


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