Pesquisa feita no MIT identifica crescimento em estruturas de células cerebrais adultas (divulgação)

Neurônios que crescem
29 de dezembro de 2005

Pesquisa feita no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, identifica crescimento em estruturas de células cerebrais adultas

Neurônios que crescem

Pesquisa feita no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, identifica crescimento em estruturas de células cerebrais adultas

29 de dezembro de 2005

Pesquisa feita no MIT identifica crescimento em estruturas de células cerebrais adultas (divulgação)

 

Agência FAPESP - Neurônios crescem em adultos? Apesar de os livros de biologia dizerem que não, estudos recentes têm apontado o contrário. A mais recente novidade nesse sentido vem do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos.

Uma pesquisa liderada por Elly Nedivi, do Departamento de Ciências Cerebrais e Cognitivas, verificou o crescimento de células em cérebros adultos. Segundo os autores, os resultados sugerem a possibilidade de que se possa promover o crescimento de novas células para substituir outras danificadas por doenças ou lesões na medula espinhal resultantes de acidentes.

"Saber que neurônios são capazes de crescer no cérebro adulto nos oferece uma chance de tentar incrementar o processo e de explorar em quais condições podemos fazer com que esse crescimento ocorra", disse Elly em comunicado do MIT. Os resultados foram publicados na edição de 27 de dezembro do periódico Biology, da Public Library of Science (PLoS).

Neurônios são formados por três partes principais: axônios, corpo celular e dendritos. Enquanto estudos anteriores estiveram centrados especialmente na tentativa de regenerar os axônios, os longos prolongamentos responsáveis pela condução dos impulsos elétricos que partem do corpo celular, a pesquisa divulgada agora sugere um novo alvo: os dendritos.

Originário da palavra grega para árvore, os dendritos são prolongamentos especializados na recepção de estímulos nervosos do meio ambiente ou de outros neurônios. São eles que conduzem os impulsos elétricos para o corpo celular.

Os cientistas do MIT descobriram um crescimento relativamente grande nos dendritos. Segundo eles, o aumento foi influenciado pelo uso, o que significa que, quanto mais neurônios forem usados, mais propensos estarão para mudar de tamanho.

O grupo usou um método que emprega emissão fotônica para rastrear, durante semanas, determinados neurônios nas camadas superficiais do córtex visual em camundongos. Com auxílio de uma tecnologia similar à ressonância magnética, mas com maior resolução, os pesquisadores obtiveram imagens bidimensionais que foram usadas em uma reconstrução em três dimensões dos neurônios no córtex adulto.

As ramificações dos dendritos foram medidas durante todo o estudo. O resultado surpreendeu a todos. Segundo os pesquisadores, as imagens em 3D resultantes mostraram as células cerebrais em uma atividade que lembra o crescimento de plantas em um jardim.

De todas as ramificações, 14% apresentaram crescimento, especialmente as presentes nos dendritos mais finos. Mas o crescimento não foi constante. Semanas sem atividade alguma foram sucedidas por outras com saltos de crescimento, o maior deles de 90 micrômetros (milionésimo de metro).

"A escala de mudança é muito menor do que a observada durante o período mais crítico de desenvolvimento humano, mas o fato de que tal crescimento ocorre é algo fenomenal", disse Elly. A professora do MIT aponta que os resultados do estudo devem provocar uma mudança na maneira como a ciência entende as ligações no cérebro adulto.

O artigo poderá ser lido em breve na edição on-line da PLoS Biology, em http://biology.plosjournals.org.


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