Fernando Galembeck, da Unicamp, vê com otimismo a situação nacional em nanotecnologia (foto: Thiago Romero)

Nanoperspectivas favoráveis
22 de julho de 2005

Cientistas reunidos na 57ª Reunião Anual da SBPC discutem o cenário atual e tendências da produção de nanotecnologias. Fernando Galembeck, da Unicamp, vê com otimismo a situação nacional no setor

Nanoperspectivas favoráveis

Cientistas reunidos na 57ª Reunião Anual da SBPC discutem o cenário atual e tendências da produção de nanotecnologias. Fernando Galembeck, da Unicamp, vê com otimismo a situação nacional no setor

22 de julho de 2005

Fernando Galembeck, da Unicamp, vê com otimismo a situação nacional em nanotecnologia (foto: Thiago Romero)

 

Por Thiago Romero, de Fortaleza

Agência FAPESP - O Brasil tem boa disponibilidade de recursos para trabalhos em nanotecnologias, conta com excelentes laboratórios instalados e os cientistas estão em busca crescente de melhor qualificação.

O cenário favorável foi apontado pelo professor do Departamento de Física da Universidade Federal do Ceará (UFC), Antônio Gomes Souza Filho, durante o simpósio Avanços brasileiros em nanotecnologias, que esquentou ainda mais a tarde já quente de quinta-feira (21/7), na 57ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em Fortaleza.

Souza Filho ilustrou o discurso com ações do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), como o Programa Plurianual de Nanotecnologia, que reservou R$ 77,7 milhões para o orçamento 2004/2007, além do lançamento de editais destinados a jovens pesquisadores para financiamento de projetos na área.

"O governo brasileiro está fazendo sua parte ao adotar uma posição favorável e extremamente correta para o desenvolvimento de nanotecnologias em nível nacional", afirma o pesquisador, que realiza trabalhos com nanotubos de carbono, estruturas muito resistentes e que podem ser usadas em diferentes aplicações.

"O que se espera agora é que as pesquisas comecem a contribuir de forma decisiva para a resolução de problemas em diferentes áreas, como armazenamento e produção de energia, agricultura, doenças, alimentos e poluição. Para isso, é preciso entender as prioridades dos nanomateriais e utilizá-los de forma racional. E isso está atrelado a uma necessidade de regulamentação, padronização e classificação dos riscos", disse.

Fernando Galembeck, professor do Instituto de Química da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), também acredita que a situação nacional é otimista. "Os recursos são crescentes e os projetos demandam um número cada vez maior de participantes. Porém, no Brasil, existe um divórcio entre a ciência e suas aplicações práticas. No caso da nanotecnologia é preciso saber, antes de mais nada, como todas as promessas de inovações poderão gerar riqueza e emprego para o nosso país", disse.

A tendência mundial aponta para uma descentralização dos centros de pesquisa. O Japão, por exemplo, tem 538 laboratórios de pesquisa em nanotecnologia. "É importante ver esse número para entender como é absolutamente descabida a discussão que ocorreu no Brasil há algum tempo sobre a importância de centralizar os recursos disponíveis em apenas um grande centro de excelência", apontou Galembeck.

O professor da Unicamp disse que os produtos nanotecnológicos que têm mais possibilidade de se destacar no mercado nos próximos anos estão concentrados em três áreas: determinação de propriedades de materiais, produção química e manufatura de precisão e de computação. "Essa tendência é uma realidade, pois temos empresas nacionais de base tecnológica fazendo excelentes trabalhos sem precisar de grandes investimentos", lembrou.

Mas Galembeck encerrou com um alerta: "O cientista brasileiro ainda tem um sério defeito. Ele precisa aprender a ler e escrever patentes, pois muitas vezes o conhecimento é publicado e copiado antes de virar produto".


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