Pigmento para tintas desenvolvido a partir de nanopatículas de fosfato de alumínio é criado por uma parceria entre a Unicamp e a empresa Bunge. Estima-se que o mercado do produto, que poderá substituir o tóxico dióxido de titânio, chegue a US$ 5 bilhões
Pigmento para tintas desenvolvido a partir de nanopatículas de fosfato de alumínio é criado por uma parceria entre a Unicamp e a empresa Bunge. Estima-se que o mercado do produto, que poderá substituir o tóxico dióxido de titânio, chegue a US$ 5 bilhões
Agência FAPESP - Um projeto de pesquisa que desde o início, há nove anos, foi desenvolvido por meio da parceria universidade-empresa acaba de virar realidade. O Instituto de Química (IQ) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e a empresa multinacional Bunge lançaram um pigmento branco para tintas fabricado a partir de nanopartículas de fosfato de alumínio. O produto foi nomeado de Biphor.
A expectativa dos pesquisadores é que o produto possa substituir gradativamente os pigmentos brancos feitos com dióxido de titânio que atualmente são utilizados pela indústria para a fabricação de todos os tipos de tintas à base de água. Essa matéria-prima não é bem vista atualmente por causa do seu grau de toxicidade.
"Uma substituição completa exigiria grandes investimentos. Por isso, ela será feita gradualmente, dependendo da rentabilidade do Biphor e da perda de mercado do dióxido de titânio", disse Fernando Galembeck, coordenador da pesquisa e professor do departamento de Físico-Química do IQ, à Agência FAPESP.
A empresa Bunge trabalha com a possibilidade de que o Bihpor substitua 10% do mercado de dióxido de titânio nos próximos cinco anos. O nicho mercadológico em questão movimenta algo próximo dos US$ 5 bilhões. "Esse número, muito impressionante, é uma estimativa do mercado atual de dióxido de titanio", esclarece Galembeck.
O novo produto, disponível nas formas líquida e em pó, é composto por partículas nano-estruturadas ocas de fosfato de alumínio que se formam espontaneamente, por automontagem. As paredes externas dessas nanopartículas são rígidas, enquanto seu interior conta com espaços vazios, o que torna o pigmento mais opaco.
A comparação entre os dois produtos revela ainda outras diferenças. Segundo Galembeck, as tintas feitas com o Biphor são também mais duráveis e podem ser feitas com um custo menor. "O fosfato de alumínio é mais barato que o dióxido de titânio, que é um catalisador da oxidação da resina das tintas sob a ação da luz. Isso causa um maior envelhecimento do produto, especialmente em exteriores. Já o fosfato de alumínio não catalisa a oxidação de resinas, oferecendo maior durabilidade às tintas", diz.
O Biphor deve ser comercializado primeiro no Brasil e na América Latina, para depois chegar até outros países. "Uma planta pequena, capaz de produzir mil toneladas por ano, está em operação. Outra fábrica de 50 mil toneladas/ano deverá entrar em operação em 2007", informa Galembeck.
Bastante próximo das parcerias entre universidade e empresa (Galembeck foi o pesquisador responsável por um dos primeiros PITEs - Parceria para Inovação Tecnológica - aprovado pela FAPESP em 1996), o professor da Unicamp admite que continua acreditando nessa interface. "Nas atuais circunstâncias brasileiras, universidade e empresa devem trabalhar juntas gerando resultados científicos, tecnológicos e econômicos positivos", acredita. "Quem não participar desse processo estará perdendo oportunidades maravilhosas. O mais importante para que isso ocorra é pensar, analisar, fazer e trabalhar. Falar produz pouco."
Mais informações: www.biphorpigments.com.
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