Projeto mapeia o comportamento e principais corredores usados pela onça-pintada na Bacia do Alto Paraná (foto: Carlos Penna)

Na trilha da onça
27 de fevereiro de 2004

Projeto mapeia o comportamento e principais corredores usados pela onça-pintada na Bacia do Alto Paraná, onde se calcula que existam 50 exemplares da espécie, número considerado muito próximo a de uma situação crítica

Na trilha da onça

Projeto mapeia o comportamento e principais corredores usados pela onça-pintada na Bacia do Alto Paraná, onde se calcula que existam 50 exemplares da espécie, número considerado muito próximo a de uma situação crítica

27 de fevereiro de 2004

Projeto mapeia o comportamento e principais corredores usados pela onça-pintada na Bacia do Alto Paraná (foto: Carlos Penna)

 

Por Eduardo Geraque

Agência FAPESP - O Pontal do Paranapanema, no extremo Oeste de São Paulo, é um dos poucos locais do Estado onde a mata atlântica e a várzea de um rio importante, como é o Paraná, se encontram. O ambiente, devido a suas características, também é um dos últimos redutos da onça-pintada, felino de grande porte que não respeita as fronteiras políticas impostas pelo homem, deslocando-se com freqüência de São Paulo para o Paraná ou para o Mato Grosso do Sul.

"Estimamos que, no Alto Paraná, existam 50 onças-pintadas adultas", disse à Agência FAPESP o engenheiro florestal Laury Cullen Jr., do Instituto de Pesquisas Ecológicas (Ipê) e um dos coordenadores do projeto Detetives Ecológicos, que a instituição ambientalista desenvolve na região há cinco anos, com o apoio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Instituto Florestal de São Paulo.

"Esse é o mínimo que podemos chegar em termos do tamanho da população", explica Cullen Jr. "Menos do que isso, a preservação da espécie no local entrará num estado crítico". Segundo o cientista, que fez o seu mestrado e doutorado no exterior em biologia da conservação, a onça-pintada se desloca basicamente entre duas grandes áreas de conservação ambiental existentes na região. "Elas vivem entre o Morro do Diabo, em São Paulo, e o Parque Nacional da Ilha Grande". Essa segunda área abrange trechos do Paraná e do Mato Grosso do Sul, além de uma porção do Paraguai.

O próximo passo do projeto de investigação deverá estar pronto em breve. "Até setembro, ou outubro, os mapas com os corredores serão publicados. Vamos ter uma visão pelos olhos da onça. Será possível saber quais as áreas mais usadas como ligação entre as matas", explica o pesquisador, que há 15 anos estuda as onças do Pontal do Paranapanema.

Para que as onças-pintadas sejam preservadas e a população volte a crescer na região, Cullen Jr. não vê outra saída. "Não adianta descobrir onde estão os corredores, se as áreas principais estiverem mal geridas", disse. Para ele, questões como os problemas fundiários do Pontal do Paranapanema e a falta de pesquisa e de recursos humanos para proteger as matas precisam ser resolvidas o mais rápido possível. "A Ilha Grande, por exemplo, sofre com as constantes queimadas."


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