A Missão Cruls, que partiu do Rio de Janeiro em 1892 (foto: divulgação)

Na trilha da história
13 de novembro de 2003

Pesquisadores brasileiros refazem o trajeto da Missão Cruls, que em 1892 percorreu mais de quatro mil quilômetros entre o Rio de Janeiro e Brasília em expedição que pesquisou a fauna, flora, geografia, clima e população do Planalto Central, além de ter demarcado a região que hoje corresponde ao Distrito Federal

Na trilha da história

Pesquisadores brasileiros refazem o trajeto da Missão Cruls, que em 1892 percorreu mais de quatro mil quilômetros entre o Rio de Janeiro e Brasília em expedição que pesquisou a fauna, flora, geografia, clima e população do Planalto Central, além de ter demarcado a região que hoje corresponde ao Distrito Federal

13 de novembro de 2003

A Missão Cruls, que partiu do Rio de Janeiro em 1892 (foto: divulgação)

 

Por Thiago Romero

Agência FAPESP - Refazer o trajeto percorrido pela Comissão Exploradora do Planalto Central, chefiada pelo engenheiro, astrônomo e geógrafo belga Louis Ferdinand Cruls (1848-1908), que percorreu mais de quatro mil quilômetros entre o Rio de Janeiro e a região onde hoje está Brasília, de 1892 a 1894. Este é o objetivo da "Missão Cruls – Uma trajetória para o futuro", expedição que partiu na segunda-feira (10/11) do Museu de Astronomia e Ciências Afins (Mast), no Rio de Janeiro, com uma equipe de 15 pessoas, formada por professores, pesquisadores e técnicos.

A idéia é percorrer o mesmo itinerário da Missão Cruls para divulgar esta expedição pioneira, encomendada pelo então presidente da República Floriano Peixoto. As descobertas de Cruls geraram um relatório de 300 páginas sobre a fauna, flora, geografia, clima e população da região do Planalto, além da demarcação, no final da exploração, da área de 14.400 quilômetros que hoje corresponde ao Distrito Federal.

"Queremos mostrar que a Missão Cruls foi a conquista mais importante da Primeira República, por redimensionar o espaço geopolítico brasileiro", disse o coordenador do projeto, Pedro Jorge de Castro, à Agência FAPESP.

A equipe passará por 14 cidades, parando nos mesmos locais onde a expedição original esteve, para a realização de palestras, exposições e doações de material didático. Segundo Castro, a rota, que inclui os Estados de São Paulo, Goiás e Minas Gerais, será registrada em vídeo e fotografia, para a produção de dois documentários temáticos e de um acervo de imagens, além da edição de um livro para estudantes do ensino médio.

"Trata-se de uma contribuição histórica e educativa para a sociedade, que terá a oportunidade de conhecer a epopéia da Missão Cruls", disse Castro, cineasta e professor aposentado da Universidade de Brasília, idealizador do projeto. "Distribuiremos materiais de divulgação para diversos meios de comunicação durante o percurso e faremos palestras em universidades e prefeituras."

O projeto pretende ainda comparar o relatório elaborado na época com a situação encontrada atualmente nas cidades. A chegada da equipe está prevista para o dia 25 de novembro, no Senado Federal, em Brasília.

Nascido em Diest, província de Brabant, na Bélgica, Louis Ferdinand Cruls formou-se em engenharia civil na Universidade de Gand e se transferiu para a Escola dos Aspirantes de Engenharia Militar, de onde saiu como Primeiro Tenente de Engenharia do Exército Belga.

Mudou-se ao Brasil a convite de D. Pedro II, em 1875, para trabalhar no Observatório Imperial, hoje Observatório Nacional, tendo sido o primeiro estrangeiro a dirigir a instituição. Cruls contribuiu na exploração do Planalto Central, que culminou na localização de Brasília, e foi o criador da revista do Observatório.


  Republicar
 

Republicar

A Agência FAPESP licencia notícias via Creative Commons (CC-BY-NC-ND) para que possam ser republicadas gratuitamente e de forma simples por outros veículos digitais ou impressos. A Agência FAPESP deve ser creditada como a fonte do conteúdo que está sendo republicado e o nome do repórter (quando houver) deve ser atribuído. O uso do botão HMTL abaixo permite o atendimento a essas normas, detalhadas na Política de Republicação Digital FAPESP.