Estudo aponta que ancestrais dos mamíferos atuais, como o Procavia capensis, evoluíram e se expandiram no planeta mais de 10 milhões de anos após a extinção dos dinossauros (foto: Richard Grenyer)

Muito tempo depois
29 de março de 2007

Após mais de uma década de trabalho, cientistas completam superárvore da evolução que mostra que não foi a extinção dos dinossauros a causa da grande expansão dos mamíferos pelo planeta

Muito tempo depois

Após mais de uma década de trabalho, cientistas completam superárvore da evolução que mostra que não foi a extinção dos dinossauros a causa da grande expansão dos mamíferos pelo planeta

29 de março de 2007

Estudo aponta que ancestrais dos mamíferos atuais, como o Procavia capensis, evoluíram e se expandiram no planeta mais de 10 milhões de anos após a extinção dos dinossauros (foto: Richard Grenyer)

 

Agência FAPESP - A teoria é conhecida por qualquer estudante do ensino médio. Há cerca de 65 milhões de anos o impacto de um grande asteróide provocou o desaparecimento dos dinossauros da face da Terra. Extinção que levou os mamíferos a se tornarem os senhores do planeta.

Mas, segundo um estudo publicado na edição desta quinta-feira (29/3) da revista Nature, a história não foi bem essa. Após mais de dez anos de pesquisas, um grupo internacional de cientistas completou uma superárvore da evolução, que traça as origens de todas as 4,5 mil espécies de mamíferos terrestres. A principal conclusão: eles não se diversificaram como resultado da morte dos dinossauros.

"Os resultados contradizem a hipótese de que o evento de extinção em massa no fim do Cretáceo tenha tido uma grande e direta influência na diversificação dos mamíferos atuais", afirmam os autores. Análises moleculares de registros fósseis indicaram que muitos dos ancestrais genéticos dos mamíferos hoje existentes estavam presentes há 85 milhões de anos e sobreviveram ao impacto que pode ter causado a extinção dos dinossauros.

O estudo confirma que, durante o Cretáceo, as espécies de mamíferos eram poucas e não puderam evoluir nem se diversificar em ecossistemas dominados pelos dinossauros. A superárvore agora divulgada também aponta que algumas espécies realmente passaram por um rápido período de expansão após o evento de extinção em massa. Mas a principal conclusão é que a maioria daqueles mamíferos desde então simplesmente sumiu ou teve um declínio em diversidade.

Segundo os pesquisadores, a expansão dos mamíferos atuais teve início de 10 a 15 milhões de anos após a extinção dos dinossauros, em um momento em que ocorreu um súbito aumento da temperatura no planeta.

"Essa descoberta reescreve a nossa compreensão de como chegamos a evoluir neste planeta. O estudo como um todo fornece um retrato muito mais claro de nosso lugar na natureza", disse Andy Purvis, professor da Divisão de Biologia do Imperial College, de Londres, e um dos autores do artigo.

"A pesquisa não apenas mostra que a extinção dos dinossauros não motivou a evolução dos modernos mamíferos como também oferece uma grande riqueza de informações. Cientistas serão capazes de usar nossos resultados para olhar o futuro e identificar hoje espécies que correm risco de extinção. Os benefícios para a conservação global são incalculáveis", disse Kate Jones, da Sociedade Zoológica de Londres.

O artigo The delayed rise of present-day mammals, de Andy Purvis e outros, pode ser lido por assinantes da Nature em www.nature.com.


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