Estudo feito com 17 mil pessoas em 15 capitais brasileiras e no DF aponta que mulheres usam mais filtro solar do que os homens, mas de maneira muitas vezes insuficiente

Muito sol, pouca proteção
03 de maio de 2007

Estudo feito com 17 mil pessoas em 15 capitais brasileiras e no DF aponta que mulheres usam mais filtro solar do que os homens, mas de maneira muitas vezes insuficiente. Outra pesquisa, publicada na The Lancet, sugere o uso de chapéu e menor exposição

Muito sol, pouca proteção

Estudo feito com 17 mil pessoas em 15 capitais brasileiras e no DF aponta que mulheres usam mais filtro solar do que os homens, mas de maneira muitas vezes insuficiente. Outra pesquisa, publicada na The Lancet, sugere o uso de chapéu e menor exposição

03 de maio de 2007

Estudo feito com 17 mil pessoas em 15 capitais brasileiras e no DF aponta que mulheres usam mais filtro solar do que os homens, mas de maneira muitas vezes insuficiente

 

Por Thiago Romero

Agência FAPESP – No Brasil, os homens e os mais jovens estão mais expostos aos efeitos nocivos da radiação solar quando comparados com as mulheres e com os indivíduos com mais de 25 anos de idade. A conclusão é de um estudo realizado pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca), no Rio de Janeiro, e pela Secretaria de Vigilância em Saúde, em Brasília, ambos vinculados ao Ministério da Saúde.

Os resultados são de inquérito domiciliar sobre comportamentos de risco para doenças realizado em 2002 e 2003, que avaliou as formas de proteção à radiação ultravioleta mais utilizadas por habitantes de 15 capitais brasileiras e do Distrito Federal. Um total de 16.999 indivíduos com 15 anos ou mais foi entrevistado.

Em todas as cidades analisadas foram observadas proporções mais elevadas de proteção com o filtro solar e de procura pela sombra entre as mulheres, enquanto o fator de proteção mais citado pelos homens foi o uso de chapéu ou boné.

"Apesar de os homens e os mais jovens, de maneira geral, estarem mais expostos, a pesquisa indica que as mulheres também não estão se protegendo de maneira adequada", disse Liz Maria de Almeida, gerente da Divisão de Epidemiologia da Coordenação de Prevenção e Vigilância do Inca e coordenadora do estudo, à Agência FAPESP.

Segundo ela, motivadas muito mais por questões estéticas do que pela consciência de que o sol é um fator de risco para o câncer, as mulheres acabam usando mais protetores solares. Mas o estudo identificou que as mulheres usam esse tipo de produto, que tem efeito médio de duas horas, poucas vezes ao dia e que entram na água freqüentemente, o que reduz o efeito.

"O problema está na falta de conhecimento a respeito dos efeitos da radiação ultravioleta e do funcionamento dos produtos de proteção solar disponíveis no mercado. Os números dos fatores de proteção dos filtros ainda geram muitas dúvidas na população", explica Liz Maria. Os resultados do trabalho foram publicados na edição de abril da revista Cadernos de Saúde Pública.

Uma indicação do desconhecimento é que as taxas brutas de incidência para o câncer de pele em 2006 foram praticamente iguais entre os gêneros no Brasil. De acordo com dados do Ministério da Saúde, a incidência da doença tipo não melanoma foi de 68 e 69 em cada 100 mil habitantes para homens e mulheres, respectivamente.

"Esse indicador destaca que, apesar de a proteção variar do ponto de vista do gênero, o nível de exposição solar pode ser o mesmo e a proteção não está sendo eficiente", disse Liz Maria. "O não melanoma é o tipo de câncer de pele que, apesar de normalmente não ser maligno, é o mais comum na população brasileira por suas causas estarem fortemente atreladas à exposição solar. Mais de 96% dos casos de câncer de pele no país são de não melanoma", explicou.


Diminuir a exposição

Segundo a pesquisadora do Inca, o levantamento é o primeiro, em nível nacional, sobre os hábitos de proteção da população com o objetivo de conhecer o nível de exposição solar cumulativa para a criação de programas de prevenção.

"Como sabemos que os jovens entre 15 e 25 anos, por exemplo, estão mais expostos à radiação solar, os dados dessa população mais vulnerável poderão auxiliar no planejamento de estratégias de proteção e conscientização junto às secretarias de saúde estaduais", afirmou.

A análise dos dados do trabalho foi feita em parceria com duas entidades norte-americanas, a Escola de Saúde Pública Bloomberg da Universidade Johns Hopkins e o Centro Internacional Fogarty, dos Institutos Nacionais de Saúde.

Outro estudo, que será publicado na edição de 5 de maio da revista médica The Lancet, destaca que o uso de roupas e a diminuição do nível de exposição à radiação solar são duas opções mais eficientes do que a utilização dos filtros solares.

Os pesquisadores, coordenados por Stephan Lautenschlager, do Hospital Triemli, na Suíça, fizeram um levantamento dos principais tipos e características de roupas que podem fazer diferença em termos de proteção solar.

Segundo os autores, a população deveria ser mais bem aconselhada sobre como utilizar os filtros ou bloqueadores, uma vez que tais produtos não devem ser empregados de forma abusiva como justificativa para a aumentar o nível de exposição à radiação ultravioleta.

Para ler o artigo Comportamento relativo à exposição e proteção solar na população de 15 anos ou mais de 15 capitais brasileiras e Distrito Federal, disponível na biblioteca eletrônica SciELO (FAPESP/Bireme), clique aqui.


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