No simpósio Patrimônio Ambiental Brasileiro, Pedro Jacobi, da USP, mostrou como o tratamento da questão ambiental evoluiu nas últimas décadas (foto: E.Geraque)
Informação qualificada e para um número cada vez maior de pessoas é uma das chaves para que os movimentos ambientalistas possam ter mais eco. No simpósio Patrimônio Ambiental Brasileiro, Pedro Jacobi, da USP, mostrou como o tratamento da questão ambiental evoluiu nas últimas décadas
Informação qualificada e para um número cada vez maior de pessoas é uma das chaves para que os movimentos ambientalistas possam ter mais eco. No simpósio Patrimônio Ambiental Brasileiro, Pedro Jacobi, da USP, mostrou como o tratamento da questão ambiental evoluiu nas últimas décadas
No simpósio Patrimônio Ambiental Brasileiro, Pedro Jacobi, da USP, mostrou como o tratamento da questão ambiental evoluiu nas últimas décadas (foto: E.Geraque)
Agência FAPESP - Uma das transformações mais importantes ocorridas dentro dos movimentos ambientais se deu nos anos 80. Separados até então, defensores de causas sociais e grupos ligados apenas aos desafios ecológicos começaram a se cruzar. Nascia ali não apenas a chamada onda sócioambiental mas também o termo desenvolvimento sustentável, que ganhou adeptos até mesmo em setores da iniciativa privada.
"Depois disso, nos anos 90, as organizações não-governamentais entraram na fase do profissionalismo. Elas se articularam em redes e tiveram a iniciativa de propor ações coletivas", disse Pedro Jacobi, professor da Faculdade de Educação e do Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais da USP, à Agência FAPESP, durante o simpósio Patrimônio Ambiental Brasileiro, encerrado ontem (15/4), em São Paulo.
Segundo Jacobi, o processo se tornou cada vez mais complexo dentro dos embates ambientais, que passaram a ser povoados cada vez mais pelos movimentos da sociedade civil organizada. Na visão do pesquisador, as redes, sejam de preservação da Floresta Amazônica ou mesmo da Mata Atlântica, para ficar em dois exemplos, tiveram o papel de multiplicar o ativismo ambiental e social. "E isso foi muito potencializado pela evolução da tecnologia da informação, com a popularização da internet", disse.
Se o tema é complexo, e ainda atravessado por questões políticas e econômicas, o acadêmico da USP não tem dúvidas em oferecer uma das chaves para que a sociedade consiga, de certa forma, encarar o aparente caos. "Temos conhecimento científico, conteúdo e informação de alto nível. A educação ambiental é uma das formas que existe para que se qualifique esse conhecimento dentro da sociedade", disse. Usar ferramentas, como cursos a distância ou programas semipresenciais de informação, são boas saídas, segundo ele, mas que não devem ser feitos de forma oportunista ou simplesmente mercantilista.
Apresentada como o motor da transformação, desde que não vista de forma simplista, a educação ambiental é praticamente uma arma, nas palavras de Jacobi, para uma população pouco informada. "O Brasil, apesar dos avanços dos movimentos sócioambientais, está repleto de clivagens políticas. A sociedade, de forma geral, é patrimonialista e, além disso, existe ainda muito clientelismo político", disse.
Sobre os movimentos ambientais atuais, Jacobi – que atualmente trabalha com articulações sociais relacionadas com o problema da gestão dos recursos hídricos – ao mesmo tempo que reconhece avanços, também mostra alguns defeitos. "Poucas ongs estão abertas para aprofundar alguns nichos que estão abertos", disse.
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