O crescimento em certas regiões do bioma amazônico não é exatamente uma boa notícia, disse Yadvinder Malhi, da Universidade de Oxford (foto: E.Geraque)

Motivos errados
29 de julho de 2004

Em partes da Floresta Amazônica, árvores de algumas espécies estão crescendo rapidamente. Mas o que poderia parecer uma boa notícia não traz motivos para comemoração, como explicou em Brasília Yadvinder Malhi, da Universidade de Oxford

Motivos errados

Em partes da Floresta Amazônica, árvores de algumas espécies estão crescendo rapidamente. Mas o que poderia parecer uma boa notícia não traz motivos para comemoração, como explicou em Brasília Yadvinder Malhi, da Universidade de Oxford

29 de julho de 2004

O crescimento em certas regiões do bioma amazônico não é exatamente uma boa notícia, disse Yadvinder Malhi, da Universidade de Oxford (foto: E.Geraque)

 

Por Eduardo Geraque, de Brasília

Agência FAPESP - A Floresta Amazônica está associada a altos índices de desmatamento há pelo menos 30 anos. Mas essa relação é apenas parte da verdade captada até hoje pelos cientistas. Como tem sido mostrado pelos projetos atrelados ao LBA (sigla em inglês para Experimento de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia), a região é muito mais heterogênea e complexa do que se imaginava.

Um exemplo foi descrito na 3ª Conferência Científica do LBA, que termina nesta quinta-feira (29/7) em Brasília. Trata-se do crescimento em certas regiões do bioma amazônico. O fenômeno, que poderia ser encarado como boa notícia, não traz motivos para comemorar a manutenção do ecossistema.

"Em várias regiões da Amazônia, no Brasil e nos países vizinhos, conseguimos identificar áreas com uma dinâmica acelerada. Isso ocorre principalmente com algumas espécies", disse Yadvinder Malhi, pesquisador da Universidade de Oxford, na Inglaterra, à Agência FAPESP. Na conferência, o cientista apresentou diversas nuances que existem na região em relação à produção de biomassa e de madeira.

Segundo Malhi, não se trata necessariamente de um crescimento positivo. "É um distúrbio, sem dúvida. Ainda precisamos entender melhor muitas coisas sobre a ecologia da floresta, mas esse processo detectado é uma adaptação dessas espécies às mudanças das condições físico-químicas da floresta", explicou.

"Existem duas possíveis explicações para o crescimento verificado em algumas regiões, que não são fatos localizados", disse. Para o cientista, a dinâmica acelerada está relacionada com o aumento de carbono na atmosfera e com a elevação da temperatura global, que também está sendo observada na Amazônia. "Não deixa de ser uma causa antrópica."


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