Mortalidade infantil aumenta em áreas pobres de São Paulo
08 de julho de 2003

Dados constam de artigo publicado pela OMS, com indicadores de pesquisa apoiada pela FAPESP

Mortalidade infantil aumenta em áreas pobres de São Paulo

Dados constam de artigo publicado pela OMS, com indicadores de pesquisa apoiada pela FAPESP

08 de julho de 2003

 

A mortalidade infantil (0 a 4 anos) aumentou em algumas regiões da cidade de São Paulo na década de 90, notadamente aquelas localizadas no extremo Sul, extremo Norte e em alguns bolsões de pobreza na região central. Os dados fazem parte de um artigo publicado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e premiado pela organização britânica International Research Promotion Council. Nas áreas do anel periférico, o índice de mortalidade infantil é 52,8% maior que no centro de São Paulo.

Os autores, José Leopoldo Ferreira Antunes, da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (USP), e Eliseu Alves Waldman, da Faculdade de Saúde Pública, também da USP, contaram com apoio da FAPESP para realizar o levantamento que originou o artigo, feito com dados da Fundação Seade de 1996 a 1998.

Os pesquisadores descobriram que, embora os indicadores de mortalidade infantil na cidade tivessem diminuído na década de 70, eles se estabilizaram desde a década de 80. Mas o dado dramático é que, embora a mortalidade infantil diminua nas áreas mais ricas da cidade, ela aumenta nos bairros mais pobres. "Nosso estudo mostra a desigualdede existente na cidade de São Paulo em relação à mortalidade infantil", disse Antunes à Agência FAPESP.

"Outro dado preocupante é que os índices se estabilizaram na década de 80 em um patamar elevado", diz. A mortalidade infantil na cidade de São Paulo, no período estudado, foi de cerca de 100 crianças entre cada 100 mil vivas com a mesma faixa etária. O índice é de 34,4 nos Estados Unidos, 62,6 em Cuba e 81,4 na Argentina.

O artigo de Antunes e Waldman mostra que boa parte das mortes nesse grupo de crianças, de 1996 a 1998, foi provocada por causas evitáveis e doenças passíveis que podiam ser tratadas e prevenidas. Quase metade dos óbitos (43,1%) deveu-se a doenças infecciosas e cerca de um quinto (19,2%), à pneumonia. A meningite meningocócica e outros tipos de meningite bacteriana respondem por 10,8% dos óbitos, refletindo epidemia causada pelo meningococo B.


Por André Muggiati


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